terça-feira, novembro 15, 2005

TRÊS POEMAS DE NATAL

I

Vi um movimento do corpo
Que era da alma.
Vi Deus no cocho dos bezerros e das cabaras,
com os olhos de quem ama.

Com os olhos de quem ama vejo
os homem mais próximos dos homens.
Milhões de estrelas do céu e do mar
São milhões de sinos, vibrando.

Quem vela o sono das palavras
Que sonham, para publicá-las
nascidas de novo, esse o vermelho
Não existe sem ele.

Quem ama os detalhes do inverno
(a infiltração nos vegetais
de um raio de sol sustenido),
Quem recolhe os bemóis da cachoeira
(as recantações de salmos e parábolas),
Esse tem voz própria que anuncia:
Bendito o que vem em nome do senhor!
Feliz Natal!

II

Nasce
Jesus
Feliz
Natal
Agora sou mais ligeiro na educação dos pensamentos,
agora reconheço, em apaixonada estupefação, que a
vocação de Brãao, a passagem pelo Mar Vermelho, o
levantamento do reino de David, a deportação para a
Babilônia, a revolta dos Macabeus: todos esses acon-
tecimentos acenavam a vinda de Cristo.
No princípio era o verbo,
e o Verbo era Deus.
Agora o Verbo se fez carne
e habita entre nós:
Feliz Natal!




III

Deus quando perdoa, providencia.
Primeiro na Queda, quando o castigo foi uma alternativa:
o trabalho.
Agora,
com a humanidade morrendo em pecado
(a Bomba é a reincidência da Maçã), vem
O Seu Filho Unigênito para que todo aquele
Que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Ele acaba de chegar.
Nem foi preciso que os homens se limpassem do pecado.
Ei-lo a renovar as promessas,
a proclamar que o Reino de Deus está dentro de nós.