segunda-feira, agosto 22, 2005

A FAZENDA DA MATA

Ao Jota Dângelo.

A estrada de terra, ladeada de sucupiras e jatobás
Na curva a sombra úmida dos muros inamovíveis
Aos poucos o sol dissolve o verde circundante
Chovia fino e logo chegamos ao pátio da Fazenda
As flores recebem os jornalistas sequiosos
(ser um pouco infeliz não faz mal a ninguém)
O vento fazia das folhas um quintal de clorofilas
As mãos abstratas acariciam as crinas da encosta
Aqui e ali esculpem signos e promessas no rendado
de relvas e de pedras decorativas
A orquídea pendente abençoa as pessoas
O próprio ar da tarde é mais afetuoso.

O sonho de tudo nas suas conformidades
está nas espigas do paiol, condensadas
As ações viáveis partem daqui, agora?
Os poentes são nascentes de orvalho?
O pássaro é a flauta metafísica de uma política
mais poética?
Assim, pois, cúmplices da esperança
batemos a foto de Tancredo e Risoleta:
ele, uma bandeira de vida saudável
ela, o ponto de vista e de apoio.

Logo depois a tarde fechava os flancos
A chuva era farta e mansa e fecunda
e bela e veraz na sementeira vivaz
da Fazenda da Mata, a duas pedras de toque
a dois passos da cidade de Cláudio.