sexta-feira, agosto 24, 2007

COLCHA DE RETALHOS

1 – A Zoologia Fantástica, segundo Assis Brasil: Aqueronte: titã, demônio, rio infernal. Boto: peixe encantado em rapaz. Sereia: peixe encantado em moça. Unicórnio: animal (rinoceronte) de um só chifre. Minotauro: cabeça de touro, corpo de homem. Mandrágora: raízes de formas humanas. Cérbero: cão do inferno. Esfinge: cabeça humana, corpo de leão, patas de boi, que desafia os seres humanos com seus enigmas. Dragão: símbolo do mal. Saci: negrinho de uma perna só. Boitatá: cobra de fogo. Caipora: é o mesmo currupira, montado no porco caititu. Arranca-língua: bicho peludo. Centauro: cavalo-homem. Fênix: o que renasce das cinzas, símbolo da imortalidade. 2 – “A hora mais triste do amor é quando vemos que ele precisa morrer e não temos força par matá-lo” (fragmento de uma carta de Maria Perpétua da Silva, uma quase namorada de Dores do Indaiá, na década de 60). 3 – Os seres vivos dentro do cérebro são muitos, na mesma acalorada interlocução. Dir-se-ia que a consciência remete à mente e à libido o que recebeu da memória e a inteligência abalizou. Aí o pensamento entra em ação e o processamento ferve e a cerebração, como se fosse uma maquinação, percorre a roda dentada da instigação, incessantemente, mesmo que o portador dos órgãos esteja a dormir profundamente. A luta é titânica dentro de nós: o pensamento a exigir da mente e da consciência mais dados de envolvimento, a inteligência a cobrar mais originalidade da imaginação e esta a escavar, a voar, a nadar nos abismos e nas superfícies, montada nas vertigens da lucidez (como diria Maria Esther Maciel em livro sobre a poética de Octávio Paz). Assim, pois, a mente, que aparentemente é incolor e incontida nos próprios umbrais, na verdade é uma hidra insaciável a exigir de seus circuitos as cargas alimentícias que a faz viver todos os minutos da eternidade, tim-tim-por-tim-tim, custe o que custar o esforço de nossas pestanas e neurônios (trecho de meu romance inédito “O Dia do Casamento”). 4 – Conta lenda tupi que três fâmulos levavam o coco de tucumã dentro do qual Deus guardava metade da noite com a sua escuridão e as suas estrelas com os cantos dos grilos e os suspiros do amor, os apelos dos sapos e os sonhos de amor. A outra metade da noite estava no fundo das águas e o dia, sem a noite, era igual e alegre e feliz. As coisas vinham de graça nas graças de Deus. Ninguém subjugava ninguém. Ninguém era melhor que ninguém. Mas os fâmulos acenderam fogo dentro da canoa na qual levavam o coco de tucumã, que se abriu ao calor do fogo, derramando a noite nas doze horas restantes do dia. E os bichos passaram a ter medo dos homens, pois cada um deles acredita ser o rei dos animais, quando na verdade é sabido que nenhum deles chega aos pés de um simples beija-flor. 5 – Na mitologia indígena os homens e os deuses revezam-se na criatividade e nas invenções. Enorê, o ente supremo, esculpiu uma figura humana num pau, no qual deu três varadas e logo o pau virou um homem de verdade. Ao inventar a água, bebeu-a, vomitando-a em seguida. E assim a água se multiplicou e formou os mares, os rios e as lagoas. 6 – As pirâmides egípcias sãos os monumentos milenários da cultura faraônica. Ninguém explica, porém, onde a história escondeu a tecnologia que erigiu a obra colossal, tendo em vista a inexistência do ferro e da roda naquele período tão afastado dos tempos da instauração das técnicas modernas. A Grande Pirâmide de Quéops é formada por mais de dois milhões de blocos de pedras com duas toneladas e meia cada uma. “Em média” (segundo Peter Snowdon) “esculpiu-se, removeu-se e colocou-se um bloco desses de quatro em quatro minutos, dia e noite, durante vinte e três anos. Mesmo hoje isso parece impossível”. Alguns estudiosos atribuem a perfeição delas à presença de extraterrestres no planeta. A Barca Funerária dessa Pirâmide foi desmontada em 1.244 peças e levou 14 anos para ser reconstituída. Tinha 43 metros de comprimento e 5,9 de largura. Em madeira de cedro. Sua única imagem é uma estatueta de marfim, que se encontra no Museu do Cairo. 7 – A revista VEJA, o melhor posto avançado na defesa dos valores morais da dignidade brasileira, em sua edição 2002 desmascara o engodo petista, segundo o qual todo o mal nacional advém da influência das “zelites” nas camadas sociais. Ressalta enfaticamente que “ao contrário do que propalam, a elite nacional é o farol da modernidade”, acrescentando em reportagem calcada numa pesquisa do sociólogo Alberto Carlos Almeida (autor do livro recém lançado pela Editora Record, “A Cabeça do Brasileiro”), que: “elite é muito mais que sinônimo de “rico”. Como registram os dicionários, é uma palavra de origem francesa que significa “o que há de melhor numa sociedade ou grupo”. Leitura recomendável ao presidente da república que parece cuspir quando se refere às “zelites”, corrompendo, assim, seus subordinados eleitores e militantes.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oi amigo Lazaro acabei de fazer uma leitura neste belo blog.Adorei este teu trabalho antropologia com nuances de filofofia e psicologia da alma. Parabéns amigo realmente são estas idéias que ajudaram as pessoas a se conhecerem sem a necessidade de darmos a receita pronta, pois cabe a cada qual a escolha da maneira de conduzir-se no Cosmos. Continua a divulga-las.Abraços e beijos afetusosos. Da amiga Lizete S. Passos Porto Alegre, RS, Brasil 07.09.07

5:37 PM  

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