SOCIEDADE DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS
Acompanhando a campanha contra os predadores da Natureza, desenvolvida simultaneamente por muitas pessoas abençoadas, entre as quais cito aqui, de passagem, a escritora Ivana Maria Negri, da Sociedade Piricicabana de Proteção de Animais, a poeta Leila Miccolis, do site www.blocosonline.com.br/gatolândia, da professora Salete Micheline, site http://www.floraisecia.com.br/detalhe, a leitura dos livros de Henry D. Thoreau e de Daisaku Ikeda. Cito também o vídeo de Osvaldo André de Melo sob roteiro de minha autoria intitulado “O Verde Mais Antigo”, em que filmamos e descrevemos o que ainda há de preservado ao longo do Rio Pará, da nascente à barra com o Itapecerica, na Cachoeira do Caixão. E cito também o poema de T.S.Elliot, que tentei parafrasear com o título de “Os Três Nomes do Gato” e inclui no livro (inédito) “A Janela dos Anos”. Nele Elliot garante que todo gato possui três nomes: o comum, de conhecimento de todas as pessoas; o mais seleto, das pessoas sofisticadas; e o mais adequado, das pessoas que mais amam o bichano. E, ele arremata, além dos três nomes, o gato ainda tem mais um que ninguém sabe qual é, que nenhuma pesquisa humana é capaz de descobrir. É por isso, ele diz, que quando vemos o gato bem quieto, sentado sobre o rabo, a olhar o distante perto e o perto distante, o que ele está mesmo é meditando sobre o seu mais íntimo, inestimável, inescrutável, seu profundo NOME, que só ele sabe qual é e nunca dirá a ninguém. De minha parte confesso que meu amor aos gatos vem da infância, herança de meu pai, que criava com todo carinho uma porção deles lá em casa. Chegou até a altercar-se com um catireiro que queria negociar animais de sela com ele. A cena acontecia no alpendre de nossa casa, onde ao lado deles dois gatos brincavam de brigar. Quando de repente um deles esbarrou na perna do negociante, este reagiu raivosamente com um chute no gato. Aí meu pai trepou nas tamancas, como se diz, despediu o cara abruptamente e, sob a alegação do outro que “gato é um bicho atôa”, ele irou-se ainda mais, exclamando: “Qualquer um deles vale muito mais do que sua pessoa, seu passador de mantas nos outros!” Lembro-me que na infância um dos gatos da casa ia toda noite dormir comigo no quarto dos fundos. Ele chegava de mansinho, pulava na cama, já ronronando, procurando um modo de ajeitar-se e aí eu suspendia a colcha de algodão, ele deitava e ficava só com cabeçinha de fora, farejando o biscoito ou a broa que eu levava para ele, toda noite. Minha mãe gostava era do cãozinho Pequenês, ironicamente chamado Dener (famoso costureiro paulista dos anos 60), que ela lavava, perfumava e enfeitava, todo santo dia. Quando ele morreu, ela chorou tanto, sentiu tanto que enterrou-o no jardim da casa e, depois de vez em quando, ela revolvia a terra da sepulturazinha para chorar com os ossinhos do Pequenês nas mãos. Minha filha herdou dela o mesmo amor aos cães, mas sem exagerar. Amava o casal de Afegãs que possuía aqui em nossa casa de Divinópolis – e também chorou por ele, pelo telefone, quando de Belo Horizonte, onde estudava, recebeu de duas vezes as notícias de suas mortes prematuras. Hoje , vivendo em São Paulo, ela mantém o mesmo carinho para com o seu Beagle , tanto que até deu ao seu endereço eletrônico o nome dele. A luta pela proteção dos animais e da natureza, de um modo geral tem sido inglória, ao longo do tempo. As pessoas de um modo geral acreditam que os animais existem para propiciarem o bem estar delas. Não sei de onde tiraram alegação mais descabida, essa de que os animais só servem para serem comidos (como se fossemos carnívoros, quando na verdade somos mamíferos) ou para serem escravizados e judiados. Contrariado ao longo de minha vida diante deste cruel mal-entendido, tenho mesclado toda a minha literatura ao culto do amor de todos os seres vivos e não apenas dos humanos. Lembro-me agora de meus contos específicos, intitulados: “Esboço de Natureza Morta”, “O Inquisidor de Pássaros”, “Instinto Tribal”, “O Tirador de Formigas”, “A Expedição do Governador”, “Dinheiro na Árvore”, “As Partes Verdes do Sábado”, “Dois Patinhos na Lagoa”, “Um Par de Rolas”, “Inhambu na Capanga”, “Olhos de Pássara”, dos livros “A Cabeça de Ouro do Profeta”, “Aço Frio de Um Punhal”, “Memorial do Desterro”, “Os Contos do Apocalipse Clube” e “A Janela dos Anos” (os dois últimos ainda inéditos), que comprovam um amor não gratuito, mas realmente sincero e maduro, um grande amor por quem nunca me fez mal, só bem. O amor que desejo a todos.
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