quarta-feira, outubro 10, 2007

CABEÇA, TRONCO E MEMBROS - as três partes do poema

É assim que num poema de Gertrude Stein a forma da rosa é o conteúdo da rosa, é assim que tu és a poesia e sendo a poesia - o ser e o não ser na palma da mão vão em círculos, voltando sempre, a confirmar e a desmentir a filosofia (esse bonde andando em círculos): tu és o que mais importa. O amor só de desejo de sonho de olhar (o desejo de tantos anos vai passando, vai passando do sonho à realidade). A forma que posso ver e sentir: a carnação de seus dons no olhar? O corpo: as flores da pele, as rosas dos ornatos, o mover dos lábios, uma lua a esconder o rosto? A flor das entranhas, nutrida de versos. Podia roubar um beijo de sua respiração, um dedo de suas mãos? Podia ganhar um doce de suas palavras, um sim nas alturas arrebatadas? Um carinho na sabedoria dos seios! Um abraço no arrepio dos cabelos? A sorte grande na delícia de um orgasmo? O gosto vermelho e profundo de suas internações? A deliciosa umidade da língua revirada e oferecida na boca do amor? Podia e não pude.