quarta-feira, outubro 03, 2007

ARTE E CULTURA: DOIS PONTOS

No capítulo “A Configuração Compartilhada” do livro “Memorial de Divinópolis” (1992), sob a epígrafe da declaração do sociólogo J. H. Fichter, “a cultura é a configuração total das instituições que uma dada sociedade compartilha”, tentei deixar claro no meu entendimento que a Arte, mesmo tendo sua especificidade, não deixa de ser um dos pontos da Cultura. No referido capítulo dei-me ao trabalho de resenhar os dados históricos divinopolitanos , colhidos em árdua pesquisa, a respeito de Literatura, Música, Teatro, Artes Plásticas, Cinema, Festas Populares e outros eventos de calendário, um temário amplo e diversificado, como se vê, ao passo que o tempo da pesquisa e o espaço do livro eram limitados, resultando ao autor a alternativa de uma confessada compilação dos dados. No item “Artes Plásticas”, cito muitos bons artistas em rápidas palhetadas, e na página 130 consta uma menção curta, mas esclarecedora e sugestiva: “1966 foi o ano da exposição individual de Celeste Brandão, cujo trabalho de remontagem de formas arcaicas ainda não foi devidamente estudado”. Pois é, passados exatamente 41 anos, desfrutamos agora da grata surpresa da projeção do vídeo-documentário de Adriano Reis “CELESTE BRANDÃO, O TRAÇO DA MEMÓRIA”, que vem justamente remontar o belo trabalho dela, resgatando, por assim dizer, de forma lúcida, eloqüente, cinematográfica, a dívida de gratidão que a cidade tem para com ela, pela extensão e profundidade do amor e pela acuidade, zelo e competência artística de um trabalho que lava a alma de quem se sente contemplado por ele, que é o caso do numeroso público que desfrutou do belo espetáculo da projeção do vídeo no Teatro Gravatá. Público que ovacionou de pé uma verdadeira obra de arte roteirizada e dirigida por Adriano Reis (guardem esse nome, que certamente vai enriquecer a nossa ainda incipiente filmografia brasileira). Assessorado por técnicos especializados (Luiz Carlos Gonçalves Lopes, Alex Brooks, Solano Andrade e Sávio Andrade) o filme foi valorizado pela narração conscienciosa, pontual, exímia e sincronizada do poeta e teatrólogo Osvaldo André de Melo. Uma verdadeira festa de arte e cultura para os olhos e os corações dos divinopolitanos, que agora podem visualizar e amar os significativos resultados pictóricos da trajetória afortunada da Pintora Celeste, ricamente ilustrativa dos recortes arcaicos de uma cidade em célere e constante progressão ao mesmo tempo material e imaterial. Celeste Brandão e AdrianoReis: a junção plausível de um dos melhores momentos de exposição artística na cidade já beneficiada pelas luzes de GTO e de Adélia Prado. E ao falar em Cultura em sua verdadeira contextualização, temos o prazer de registrar e de agradecer o recebimento o das revistas “Tribuna do Carmo em Revista”, de Carmo da Mata, e “Memória de Cláudio”, da cidade do mesmo nome, ambas editadas sob a responsabilidade de Ricardo Câmara e Márcio Almeida Júnior. Ambas enfatizam, com rigor e apreço, os lineamentos históricos tão ricos e ainda obscuros nos dois municípios vizinhos, com textos consistentes e legíveis, de amigos talentosos e dedicados aos desvendamentos das obscuridades, agora assim com eles esclarecidas, iluminadas: Lineu Carvalho, intelectual renomado, que está pesquisando e escrevendo a História de Carmo da Mata, descobrindo jazidas de preciosíssimas raridades. E Fátima Amaral Guimarães, que belamente incursiona pelo traçamento dos perfis biográficos de personalidades importantes na saudável evolução da vida carmense. A revista de Cláudio aprofunda a prospecção de David Carvalho, que publicou um resumo da história municipal, levantando as origens e assim explicando a evolução antropogeográfica do Município extenso, aprazível e desenvolvido. Boas e instrutivas leituras! Frutos de pertinentes pesquisas que agora serão fontes de proveitosas pesquisas. Parabéns e agradecimentos a todos. Ampliando o leque de nossas informações a respeito de publicações que enriquecem o acervo da arte e da cultura regionais, não podemos omitir o trabalho de Carlos Gondim, Luiz Ribeiro e Magela Gondim, inserido (em parte) no site da internet http://www.santuarionsdesterro.com.br/apresentacao.htm - que apresenta belas vistas aéreas de nossa bela e querida Marilândia, ilustrando trechos da pesquisa histórica sobre a localidade (do livro há muito esgotado, “Memorial do Desterro”).

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Quando estou com fome, venho aqui me alimentar de sua sabedoria e fluência. Quando estou com sede, bebo letra a letra a profundeza de seu conhecimento. Parabéns! Marilda Mendes.

1:31 PM  
Blogger adriano reis said...

Quase um ano depois. Leio o texto sobre o meu vídeo-documentário: Celeste Brandão, o traço da memória. Fiquei muito emocionado com as belas palavras do escritor Lazaro Barreto sobre o meu documentário. Obrigado.
Adriano Reis

7:56 PM  
Blogger adriano reis said...

Quase um ano depois.Leio o texto de Lazaro Barreto sobre meu vídeo-documentário, Celeste Brandão o traço da memória. Estou emocionado pelo carinho e pelas belas palavras de Lazaro Barreto. Adriano Reis

7:57 PM  

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