segunda-feira, agosto 29, 2005

1 - AS MÃOS DE DOSTOIEVSKI

A estrofe cintila quando fala, toda vermelha
Em toda casa repercute seu gorjeio
Depois a luz irrompe nas folhas do livro
Na abertura, a sombra que se fecha, cruzada
A piedade chove na narrativa linear
O amor sofre a descrição dos lábios
Assim ele ensina mais uma vez
Que a alma do homem é a mulher.

A noite inteira leio as mãos
De Fiédor Mikháilovitch Dostoievski.

Ser um pouco infeliz não faz mal
O gênio faz do tédio uma graça
Do escuro saem as auroras em bandos
A flor regada no sereno espeta as pétalas
No mastro de cocanha
Depois os raios cegam os relâmpagos
Como suportar as lágrimas do livro
Enquanto o riso tarda e não vem?