segunda-feira, agosto 22, 2005

A FLOR DA MONTANHA DE JOYCE

Quando ela vem onde espero
é o céu que na terra se funde
é o dentinho de leite
a ruguinha na fronte
a mecha de cabelos nas costas
o cheiro suado do amor
o cheiro suado do amor.

Se morde ou lambe os beiços
se coça bunda sem adereços
não sei o que acontece
nas campinas da infância
nos ocasos posteriores
na instância da pressão alta.

Beijaria suas axilas e virilhas
suas maminhas
seus grandes e pequenos lábios de mel
aspirando
todos os perfumes da súbita primavera.
Beijaria, sim, sua bunda
beijaria , sim, esse seu outro rosto
a redondidade sedosa escorregadia
beirando os róseos lados do declive sem fundura
a redondidade um tanto ou quanto autônoma
como se furtivamente desmendasse
do resto do corpo, agora empertigado.

A linha de luz nos pés dinâmicos
o volume de oferendas nas mãos
as palavras
audíveis e legíveis do olhar
a lícita a tácita revelação
repentina e prolongada
do início e o fim de um esclarecimento
interligado a rutilantes obscuridades
sentimentais....