segunda-feira, agosto 29, 2005

19 – PARA ANA HATHERLY, CORDIALMENTE

“O sangue é uma rosa líquida
que a si própria se persegue
Nunca chega ao fim
só pára de correr”.
(Ana Hatherly, em FIBRILAÇÕES).

O coração
é uma dorzinha no peito
oriunda de um afago ou de um machucado?
O que adorna a vida em todo tempo
não é o preenchimento dos vazios
é a querida e maravilhosa
dorzinha no coração,
que só ela salva o mundo da postergada
danação.

O coração
não é uma mera víscera:
é o olhar de quem viu
o passarinho verde
(impossível e tão visível).
É algo quente e doído
(nem libido nem cérebro)
é o amor sempre voltando.

Quando o amante quer o coração
da amada,
o que ele na verdade quer
é se bonificar.