35 – A IMPRENSA DE DIVINÓPOLIS
Homens teimosos, de palavra fácil, arremessam dardos,
plantam os jornais no chão às vezes sáfaro às vezes fértil
da cidade que se espreguiça nos horizontes sertanejos.
Nomes satíricos e falazes (A Sogra, A Gazeta Sanitária),
bolados certamente por filhos mórbidos da vida custosa,
que sabiam do amargo salutar de toda face humana.
Procuram quem está na berlinda?
Brilham no escuro, escurecem na claridade.
Sabem que a floração dos escaninhos do poder
influi na tremedeira do medo alvejado.
Carregam os nomes de Sentinela e de O Clarão,
recolhidos nas dobras de uma bandeira
hasteada aos ventos contraditórios do município.
Assim cumprem um destino, adubam os campos,
enchem de perguntas os terrenos baldios.
Os nomes portadores de lírios como Diadorim,
Bilhete Azul, Arrebol, colecionam incerteza,
escrutinam os fazeres e as omissões cotidianas.
Caramba! Às vezes procuram a flor e encontram a ferida.
Tecem comentários enrubescidos,pisam na bola.
Às vezes se vendem aos poderosos? Ah, isso só aconteceu
quando os poderosos sentiram a necessidade de comprar!
Às vezes conseguem interceptar o malfeitor de colarinho
branco (sujo de sangue dos leitores?) em seus caminhos
e caminhões de roubos e contrabandos,
quase sempre provando, aprovando ou reprovando
o letal gosto d vida moribunda.
Às vezes, cansados de dar tiros em tico-ticos,
acertam os cabeções do crime organizado
(antes de redigiremos os próprios epitáfios, antes
de mudarem seus ramos de negócios).
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