3l – PARÁFRASE DO SONETO 27, DE SHAKESPEARE (*).
Exaurido pelo dia a noite me alcança
no leito de alívio, na sombra do horto
-mas logo na mente uma jornada avança,
outra se inicia, finda a lida do corpo.
Assim na mente as premissas debandadas
a procurar-te vão, em romaria vão,
mantendo abertas as pálpebras cansadas
a fitarem o que o cego vê na escuridão.
Salvo que de minha alma a doce miragem
exibe teu vulto aos meus olhos sem calma,
o qual, como jóia suspensa na voragem
faz bela a noite que chega mais cedo
- assim de dia o corpo, de noite a alma,
No teu ou no meu proveito, não têm sossego.
(*) Do livro “Poemas Famosos da Língua Inglesa”, traduzido por Oswaldino Marques, editora Civilização Brasileira, RJ, l956.
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