segunda-feira, agosto 29, 2005

3l – PARÁFRASE DO SONETO 27, DE SHAKESPEARE (*).

Exaurido pelo dia a noite me alcança
no leito de alívio, na sombra do horto
-mas logo na mente uma jornada avança,
outra se inicia, finda a lida do corpo.

Assim na mente as premissas debandadas
a procurar-te vão, em romaria vão,
mantendo abertas as pálpebras cansadas
a fitarem o que o cego vê na escuridão.

Salvo que de minha alma a doce miragem
exibe teu vulto aos meus olhos sem calma,
o qual, como jóia suspensa na voragem

faz bela a noite que chega mais cedo
- assim de dia o corpo, de noite a alma,
No teu ou no meu proveito, não têm sossego.

(*) Do livro “Poemas Famosos da Língua Inglesa”, traduzido por Oswaldino Marques, editora Civilização Brasileira, RJ, l956.