29 - UM E OUTRO (*)
É no sonho que ouço o chamado
(o grito simbólico de meu nome).
Num instante pulo da cama em silêncio,
Para não acordar o marido que ressona.
Encontro o chamador no quarto contíguo.
E agarrados formamos outro casal
Na escassa luz da madrugada.
Sua boca voraz me esvasia e me enche.
Como é bom ficarmos assim na cama,
O longo tempo a brilhara no espaço.
As gotas de leite escorrem no seu rosto,
O meu corpo flui e boceja na entrega.
Novamente a dormir no paraíso
(na área vívida das pétalas momentâneas),
Ele já dispensa minha companhia.
Então levanto-me diante da outra porta,
Retorno a meu ninho anterior
Para reaquecer-me no corpo de outro homem
(*) Paráfrase de um lembrado poema de Jill Hofman, poeta norte-americana, lido algures.
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