segunda-feira, agosto 22, 2005

A DOCE GUERRA DOS OLHARES

a doce guerra dos olhares femininos
é uma forma de paz social
eles são deliciosamente verdes quando passam
esticados e fúlgidos
negros no semblante consentido
a algo que entristece a portadora
castanhos sempre lindos
ou azuis mais ainda
quando passam e quase me levam
dentro de suas vestes em fogo
e há também o recatado, de viés
que não sabe o que dizer
(a procura de amor?)
e há o inquisitivo a presenciar
a exigir logo-logo a resposta
de persuasivas perguntas
e o meramente insinuante
longe-quase-perto,
que se aproxima
ao distanciar? E os nomes de cada um?
são os mesmos de sua dona?
todos bíblicos e nenhum jurídico?
os de Ester já passaram ou vão passar
ao largo de minhas expectativas?
os de Maria assás ressabiados?
Os de Judite impositivos, requerentes?
e de Sara inebriantes? os de Débora?
e os mitólógicos de Calíope, de Afrodite?
e os meramente humanos e não obstante
completamente divinos?
eles me cercam para agredir e abençoar?
absorvem , atravessam, anulam
momentaneamente...
Que resposta devo dar a uns e outros?
sou apenas um alguém sequioso e pasmado
que não sabe o que fazer
nesta festiva chuva de olhares
abençoadores...
...e aquele que vem de longe,
que é apenas e sobretudo ele mesmo
no vácuo do tempo-espaço, que fulge
mesmo na dormência e na distância:
é o que há de melhor no mundo?