sábado, setembro 23, 2006

ELOGIO DA INSONÊNCIA

Ainda hoje, longe das vicissitudes dos centros urbanos, encontro no quintal da casa que herdei dos ancestrais o que Kazuo Ushiguro só via longe dos centros urbanos de uma Inglaterra no final dos anos 90 do século20: as folhas das árvores, que brotam como se dissessem alguma coisa, com um verde que exprimissem uma espécie de lamento. Uma vez, absurdamente montado no cavalo alazão, que troteava sob o meu então peso pluma, a pensar absurdamente nas maminhas masculinas, esteticamente necessárias e tristemente desocupadas (principalmente quando na magreza do aldeão pançudo) – advindo-me daí a dúvida que enche o nada de tudo mais de tudo menos, uma luzinha a emitir sinais de alerta na treva, um peixe na flor das águas com saudade dos galhos das árvores, tal como o próprio homem pançudo com saudades das escamas continuamente banhadas no fundo das águas de toda parte: uma vivalma subterrânea que desaparece no ar da manhã estival? O corpo de delito do pecado original? As muitas pessoas numa só pessoa? O mi em cima do si sem dó na pauta do samba do branquelo doido? O pênis penso quando pensa NELA ergue-se, interessado, ao calor do cheiro pela umidade, onde um desejo à vontade vai e vem na dor da bondade. Vai e vem para o resto da vida, a gozar resoluto no absurdo de ficar, se não no ato, pelo menos na lembrança do ato, na lembrança que pensa naquela boca em sentido vertical, a rosa dos lábios de mel, em telhadinhos, - na lembrança que pensa nele eufórico lá onde é benvindo e benquisto até falar que chega.