sexta-feira, novembro 17, 2006

MAIS OU MENOS

A pedra cresce e respira fundo, aflorando etnias imprevistas, a partejar os genes invulneráveis às humanas vicissitudes. Já conosco é diferente. Os sabores aparentados nos apetites e paladares, as interações correlações ilações conetações as feições e os gestos que lembram uns aos outros (uns mais e outros menos) na acareação dos dados preliminares e conclusivos da hereditariedade. É só ver a moça no alpendre da casa dela para classificá-la na estirpe dos Souzas ou dos Guimarães, no estilo (no modo) de ser e de estar ali naquele momento, daquele jeito. É só observar mais atentamente para saber se a origem é fenícia latina bretã ameríndia angolana, se é ou se já foi nativa ou adventícia: é só reparar nos traços fisionômicos, nos gestos e nas atitudes (o olhar penetrante de quem gosta de flertar, os meneios e obliqüidades e dissimulações), das portadoras de rosas e de outros enfeites, concebidas sem o menor pecado original (as roceiras retraídas, as urbanas assumidas) das belezuras e feiúras de todos os lugares. É só ver os olhos e as bocas e o lampejo indefinível de certos momentos, é só ver o rosto e imaginar o restante do ser e do estar: as pontas delgadas de certas fofuras, a cútis de seda e perola de outras. Assim do alto a primavera expõe no chão suas obras primas. O frêmito nas águas sacode os peixes, repercute no gato, vibra no ar. Assim as afinidades se acasalam, e dos melhores versos da poesia vocabular rebrilham os tipos de cascas e de folhas, o sangue das fraturas, as ínsitas aparições da raiz ao cerne e à ponta da haste da mais bela rosa do mundo. Assim mesmo catalogado no bloco da cordialidade, na consonância das latentes melodias, no gosto inexplicável de algumas delas de lamber os lábios de vez em quando. A reciprocidade do namoro, furtivo ou escancarado ah! sei não, mas no frio sobe e desce um calor como que temperado na cozinha de fogão à lenha da mãe da tia da avó, onde estivermos na ambiência vocabular do mosaico mimético das deambulações no mapa das identificações celulares, das confraternizações afetivas e sensuais.