A REVISTA DO CAFÉ
A mentalidade feudalista vem predominando no Brasil desde os primórdios de sua história. Detona, explode e desperdiça os ciclos econômicos e, ao longo do tempo, desagrega os valores do possível contexto da nacionalidade em vez de agregar, ou seja, polui, desarranja, extermina em vez de almejar, beneficiar e incrementar. Foi assim na açodada extração e desperdício do pau-brasil, da seringueira, da cana de açúcar, das pedras preciosas e, finalmente, do café, do minério de ferro e da madeira amazônica. O que ficou para a nação de todos os beneplácitos destas riquezas naturais? Apenas as fotografias na parede? Drummond tem um poema que prega o refrão de que de tudo fica um pouco. A extração do minério desfigurou a própria paisagem de Itabira, denunciada e lamentada pelo grande poeta brasileiro. Das belas montanhas ficaram apenas fotos, infelizmente. Não estamos a defender a manutenção das riquezas naturais a troco do pauperismo da população. É certo que elas existem para o benefício da humanidade, mas para a humanidade de sempre e não apenas de hoje. Precisam de ser cuidadas no sentido da conservação e perpetuação das espécies – e não simplesmente manejando o maquinário transformador de florestas em desertos. Vemos que ao longo do tempo toda essa deplorada, mesquinha, tacanha exploração dos bens naturais não resultou em nada positivamente. O País apenas empobreceu, seu povo continua na luta pela sobrevivência biológica à custa do suor do próprio corpo no pesado e desairoso dia-a-dia da pobre existência, que ainda hoje desconhece as recompensas psíquicas dos padrões éticos e estéticos. O recente número 819 (ano 85, outubro 2006) da Revista do Café (editores Azarias M. Vilela, Júlio de Souza Avelar e José Avelino Perácio de Freitas) publica vasta explanação sobre a problemática cafeeira do Brasil, através de elucidativos artigos de Ruy Barreto (“É Preciso Ter Fé no Café”), Darcy Lima e Luciene Azevedo (“Café e Saúde”), Guilherme Braga, Luciana Franco, Flávia de Domenico, Flávio Bredariol, Neila Baldi, Leila Vilela Alegrio, Breno Mesquita e Outros. Ruy Barreto em seu artigo de cinco páginas descreve, narra e discrimina os lances e os pormenores da epopéia do café na história e na economia da civilização brasileira. Um quadro genéricos dos fatos e das pessoas envolvidas no esforço desenvolvimentista do País, apesar da incúria e da cegueira da classe política, quase sempre comprometida na manutenção de seus feudos e currais eleitoreiros. Fica bem claro na exposição dele que o saldo das realizações deve ser mais creditado aos expoentes das iniciativas privadas, e que o saldo dos embargos e atropelos pode ser debitado às oportunísticas e casuísticas lideranças politiqueiras, que secularmente emperram o desenvolvimento econômico, ético e estético brasileiro. Tudo isto ficou evidenciado na eleição do mês passado. Os coronéis do obsoleto e degradante feudalismo viram e mexem nas artimanhas do vergonhoso conluio e não desapegam da manutenção de suas obscenas regalias. Isso sempre aconteceu nos ciclos econômicos e, mais uma vez, o que vimos agora é até espantoso: o coronelismo notoriamente fascista vira a casaca e abraça o socialismo de araque,que também vira a casaca de suas pregações ideológicas – e assim a Nação e o Povo, são novamente enganados e tripudiados. Haja Deus!
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