segunda-feira, março 19, 2007

AS MULHERES, SEUS VERSOS

A vontade cria o impossível e depois chora aos pés dele. Enquanto vemos onde está a perfeição vemos a inexistência dos caminhos para alcançá-la. A harmonia noturna (até parece uma lição de Jung) refere-se à interação dos opostos na pugna diurna. Até mesmo a burrice tem o seu encanto, e a ruindade o seu mistério. A sujeira vermelha dos lábios tão puros. Os seios de mel do pensamento: a mulher!: o florilégio dos eventos multidimensionais. Ana Cristina César, entre os complementos: o gato era um dia imaginado nas palavras. .Dora Tavares, uma tenda para instalar suas maneiras. Heloisa Maranhão, as moradias séptimas; esta velha é um pássaro. Henriqueta Lisboa, ave poesia, duas gotas de orvalho num bemol. Lacyr Schettino, oh flor obsessiva, foi sem antes, e deslembrada. Laís Corrêa de Araújo, luz de uma água, sabes da vida a mansa cor? Lara de Lemos, adaga lavrada, retomo-te em meus dentes e prossigo. Leonor Vieira-Motta, tudo de bom! melhor ainda fazer das pessoas poemas. Lélia Coelho Frota, alados idílios entre as duas transidas luas. Maria Esther Maciel, a sina de mulher: e te senti no além de meu desejo. Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti: os azuis se abraçam nos horizontes. Maria Tereza Horta, as nossas madrugadas: e possuíres de mim o que não sabes. Renata Pallotini, de cavaquinho a guitarra: envelhecias, forma empedernida. Oga Savary, a noite dessa tarde; solidão, então me invento. Regina Célia Colônia, sonha que o sol de fora é o de dentro. Terezinha Alves Pereira, persiana de flores: meu senhor de olhar de espumas. Hilda Hilst, pensei subidas onde não havia rastros. Yeda Prates Bernis, na carta guardada sempre murmura o silêncio. Stela Leonardos e nas veias vivos veios. Clevane Pessoa, miríades de bolhas mínimas, pomares de frutos ignotos. Adriana Versiani, um dia a alma distorcida dos espelhos. Luciana Tonelli, especializar em ver olhares. Leila Miccolis, o amor que dura pouco, por toda vida: Sou da floresta o mistério a clareira. Astrid Cabral, no preamar do meu sonho. Quando eu dizia amor um oceano desatava. Adélia Prado, as fainas da viuvez trabalham uma horta nova. Ana Caetano, a textura do deserto da palavra eu. Célia Lamounier de Araújo, as sirgas e organsis; resvalar seu medo na cisterna dos sonhos. Maza de Palermo, na pousada dos tropeiros, o tempo comeu as virgens e os joelhos das beatas. Araci Barreto, a liberdade além das estrelas, bem longe, além dos horizontes. Marly de Oliveira, falar de amor não é apenas atravessar algum deserto.