sexta-feira, março 09, 2007

CANÇÃO DOS DEZ NEGRINHOS

Paráfrase de Um Soneto de Petrarca

“Ten little nigger boys”, “Dix petit négrillone”, “Zehn Kleine Neger”, é assim que a estória dos dez negrinhos (do folclore universal), é repassada em várias línguas, citada por Guimarães Rosa no livro “Tutaméia”. Ele diz que “tentativamente” adaptou as estrofes, duas as quais (as primeiras) transcrevo abaixo. As demais são tentativas minhas. O leitor também pode tentar sua adaptação, exercitando-se nesse jogo dos mágicos sistemas de pensar. 

“Eram dez negrinhos dos que brincam quando chove. Um se derreteu na chuva ficaram só nove. Eram nove negrinhos. Comeram muito biscoito. Um tomou indigestão ficaram só oito”. 

Eram oito negrinhos dos que dançam belisquete. Um foi dançar o samba ficaram só sete. Eram sete negrinhos montados no burrinho pedrês. Um caiu de borco ficaram só seis. Eram seis negrinhos correndo atrás de um pinto. Veio a galinha maternal ficaram só cinco. Eram cinco negrinhos infensos a falsos boatos. Veio a cabra da peste ficaram só quatro. Eram quatro negrinhos contando os dias do mês. O dia de um chegou ficaram só três. Eram três negrinhos desses que dormem depois. Um dormiu para sempre ficaram só dois. Eram dois negrinhos barulhentos chamados Zum e Zum. Foram ao velório do rei e só voltou um. Esse um negrinho é o negrinho Um. Hoje é um negrinho amanhã será nenhum.