quarta-feira, março 14, 2007

MUITO LONGE, AQUI MESMO

Fragmento de um romance inédito, em versos, “Barra Funda – a Evaporação dos Paradigmas”

A conversa fiada fragmenta-se na sala de jogos “eu não sou daqui”, alguém diz em voz alta a pausa ressalta o choque das bolas de sinuca “sou lá do brejo”, diz no mesmo tom a voz que gosta de uma boa pausa no meio das palavras “estou aqui é enxugando”, arremata o sinuqueiro a tacada certa de uma em todas as bolas da mesa. Viver é falar e ouvir a linguagem é uma casa de morar. Como farei para consertar minha psique bem longe daqui, daqui a algum tempo? Queria ver o técnico dos projetos em andamento padronizar a complexidade do porvir! O que vou fazer de mim com tanto peso nas costas e no peito? Como aguentar tantas dores ao mesmo tempo, ó meu deus dos instantes de exceção?! AS MULHERES, SEUS VERSOS A vontade cria o impossível e depois chora aos pés dele. enquanto vemos onde está a perfeição vemos a inexistência dos caminhos para alcançá-la. A harmonia noturna (até parece uma lição de Jung) refere-se à interação dos opostos na pugna diurna. Até mesmo a burrice tem o seu encanto, e a ruindade o seu mistério. A sujeira vermelha dos lábios tão puros Os seios de mel do pensamento: a mulher!, o florilégio dos eventos multidimensionais. Ana Cristina César, entre os complementos o gato era um dia imaginado nas palavras. .Dora Tavares, uma tenda para instalar suas maneiras. Heloisa Maranhão, as moradias séptimas esta velha é um pássaro. Henriqueta Lisboa, ave poesia duas gotas de orvalho num bemol. Lacyr Schettino, oh flor obsessiva foi sem antes, e deslembrada. Laís Corrêa de Araújo, luz de uma água sabes da vida a mansa cor? Lara de Lemos, adaga lavrada retomo-te em meus dentes e prossigo. Leonor Vieira-Motta, tudo de bom! melhor ainda fazer das pessoas poemas. Lélia Coelho Frota, alados idílios entre as duas transidas luas. Maria Esther Maciel, a sina de mulher e te senti no além de meu desejo. Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti os azuis se abraçam nos horizontes. Maria Tereza Horta, as nossas madrugadas e possuíres de mim o que não sabes. Renata Pallotini, de cavaquinho a guitarra envelhecias, forma empedernida. Oga Savary, a noite dessa tarde solidão, então me invento. Regina Célia Colônia, sonha que o sol de fora é o de dentro. Terezinha Alves Pereira, persiana de flores meu senhor de olhar de espumas. Hilda Hilst, pensei subidas onde não havia rastros. Yeda Prates Bernis, na carta guardada sempre murmura o silêncio. Stela Leonardos e nas veias vivos veios. Clevane Pessoa, miríades de bolhas mínimas, pomares de frutos ignotos. Adriana Versiani, um dia a alma distorcida dos espelhos. Luciana Tonelli, especializar em ver olhares. Leila Miccolis, o amor que dura pouco, por toda vida Sou da floresta o mistério a clareira. Astrid Cabral, no preamar do meu sonho Quando eu dizia amor um oceano desatava. Adélia Prado, as fainas da viuvez trabalham uma horta nova. Ana Caetano, a textura do deserto da palavra eu.