quinta-feira, maio 10, 2007

DEFENSORIA PÚBLICA

Ivana Maria França de Negri, de Piracicaba, SP, é uma verdadeira ideóloga da piedade, pessoa que pratica a legítima teoria cristã do amor às vítimas da crueldade ateísta dos predadores da natureza reunida em seus elementos animais (aí onde o ser humano se localiza como participante), vegetais e minerais – a santíssima trindade da miraculosa vitalidade planetária. No livro “Meus Contos Prediletos”, que inclui a parte denominada “Minhas Crônicas Preferidas” (Gráfica editora DEGASPARI, Piracicaba, SP, 2006), ela dá a certeira e concisa resposta da fragilidade e da impotência, (ou seja, da piedade contra a violência, da poesia contra a política), visando sensibilizar a dura cerviz prepotente de uma classe dirigente mundial que só dirige a favor de si mesma, doa a quem doer, mate a quem matar. Com doçura e percuciência, ela levanta a voz incisiva e persuasiva a favor dos humilhados e ofendidos de nossos tempos pós-dostoieskieanos, mais humilhantes e ofensivos do que os dos séculos anteriores. É uma luta vã, sem respaldos positivos nos resultados? Com doçura e percuciência, ela vai atraindo adesões, é claro – e isso é que sua palavra escrita em livros e em jornais e na internet visa, e consegue, aos poucos que vão se avolumando, graças à escolha daquela “melhor parte” de que fala os Evangelhos a respeito de Maria, irmã de Marta e de Lázaro. Os contos são plenamente legíveis e agradáveis, a começar na página 3, onde sentimos “o cheiro inconfundível da chuva”, que abre o caminho da luz celestial para lavar “as calçadas, vidraças, parapeitos, catedrais e a alma das pessoas”. Mais adiante, no conto “Agatha”, ela fala da moça “silenciosa” que “caminhava como se estivesse caminhando em felpudos tapetes” e que acordava do “sono levíssimo”, com “olhos de mar” que “se abriam e inundavam o ambiente de torrentes esverdeadas”. Mas a certa altura das atuais balas perdidas e fatalmente encontradas nesta guerra civil que sofremos no dia-a-dia deste inóspito tempo, ela brada, numa interrogação que é uma exclamação: “Até quando, meu Deus? Até quando a violência vai matar os sonhos de nossas crianças?” Além de poeta, cronista e contista, com dezenas de prêmios acumulados por publicações no Brasil e no estrangeiro, ela integra a Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais, há mais de dez anos, empregando o melhor de suas faculdades na luta utópica (inglória e gloriosa ao mesmo tempo) da boa convivência dos seres vivos de nossa terra, que é a única que temos, nossa melhor herança de Deus.