quinta-feira, abril 19, 2007

DOIS PONTOS DO AMOR

Os tempos do pequeno príncipe e da raposa dão saudades? O que a raposa apregoa ao príncipe? Que somos responsáveis por quem cativamos? Como assim se a cativação é recíproca (só cativamos quem nos cativa e vice-versa, não?)? Toda pessoa não é apenas uma pessoa, como diria o Pessoa, Fernando. Cada um de nós abriga em si muitas outras eus e cada um tem lá seu amor próprio e alheio por outras pessoas. Somos multiplicáveis divisíveis somáveis subtraíveis. É isso mesmo, não adianta estrilar. Ou então, todas as pessoas em cada uma resumem-se numa só o tempo todo? A reciprocidade é assim maleável, não? Você não é responsável., nem ver. O nosso amor de cada dia é imperecível: pode esfriar em si mesmo ou repartir-se com outras pessoas mais adiante. E é assim que fica sempre um pouco dele, mesmo em quem fica chupando os dedos ou morrendo de raiva, um pouco que pode novamente espichar, pois que em si ele é uma grandeza que apenas encolhera sob o frio ou o calor circunstancial. O mais certo é que ele tem duas faces: a nua, da sensualidade; a crua, da crueldade.