segunda-feira, agosto 27, 2007

MAIS LEITURAS II

1 – Livro SELETA – Prosa e Verso, editor José Maria Rodrigues (Editora TABA Cultural, Rio de Janeiro, RJ, 2005): A poeta e professora de literatura, Bethânia Guerra de Lemos, no poema “Último Instante”, fala das palavras que torturam : “a interjeição com olhar esfíngico numa antiga ferida”, um substantivo, como um carrapato agarrou sua ternura, e assim agarrou suas orelhas, gritando bem alto “coisas que não pude entender”, e se lembra de que um verbo, tirando-a da inércia, “sangrou-me a alma até o papel e salvou-me”. O poeta e professor (nosso velho e cordial amigo) Fernando Teixeira, comparece brilhantemente com dois belos poemas: “Sonetilho de Caminheiro” e “Cantiga do Irmão Francisco”. Mesmo dentro de nosso exíguo espaço da coluna, temos o prazer de aglutinar os versos do Sonetilho: “Por caminhos caminhante/ só caminha caminheiro/ e caminha tateante/ um caminho companheiro./ Se caminha companheiro/ não caminha solitário/ caminhante caminheiro/ mas caminha solidário./ No caminho solidário/ caminhante caminheiro/ já caminha confraterno/ pois caminhar solidário/ é sina de companheiro:/ um tempo de paz – fraterno”. Na página 147, Yara Vida Fonseca se posiciona perfeitamente encantadora no poema “A Mulher no Espelho”, que tentaremos, também, aglutinar uma parte: “Enquanto me penteio,/ obseravo o espelho/ e vejo que me agradam/ a boca bem feita/ e a pele macia:/ ainda sou jovem.../ (...). Meu olhar afetuoso, cúmplice de meu sorriso/ mistura-se ao verde da íris”. E assim vai belamente exprimindo, não a declaração de uma vaidade, mas sim, a constatação das proprias virtudes pessoais, de modo justo e espontâneo. Outra participante da antologia, Neusa Maria Fraga Barreto (uma possível parente de Santo Antônio do Monte?) fala do encontro e da consequência do amor em sua vida, da terna correspondência dos amantes, até concluir que “Amando/ fui me encontrando/ na busca de o encontrar./ Amando-o, existo/ na espera de juntos/ caminhar”. 

 2 - O livro VIDA (Um Enigma, Uma Jóia Preciosa), de Daisaku Ikeda, trad. de Limeira Tejo, edit. Record, Rio de Janeiro, RJ, 1982). Página 19: “O corpo, instrumento de ação vital – é composto de matéria – formado de células que resultam da composição de moléculas e proteínas, que podem ser partidas em carbono, nitrogênio e outros elementos encontrados em qualquer área do universo. Não há elementos químicos no corpo humano que não existam em outros lugares.”Página 29: “cerca da metade da proteína do fígado é renovada a cada duas semanas e o tecido muscular é completamente substituído de quatro em quatro meses (...). Um recém-nascido dorme e desperta cerca de sete vezes por dia. Por volta dos quatro meses, pode ver e ouvir. (...) O padrão da vida humana é – de um modo geral – o de levantar-se quando o sol nasce e deitar-se quando é noite”. Página 27: “Jung acreditava que, basicamente, as vidas de todas as pessoas repousam numa fundação comum. Ele chama a isso de “inconsciente coletivo”, que contém uma herança que remonta aos começos da humanidade. Ele construiu a ponte entre a psicologia e a religião, ao afirmar que existe, de fato, algo intimamente relacionado à religião na idéia de que os bilhões de habitantes do planeta participam de uma memória geral”. Página 32: “É um princípio científico aceito entre os ecologistas o de que todos os seres vivos estão conectados uns aos outros, e temos aqui o apoio científico para o que denominei de tecido da vida”. Página 31: “Um Só Cosmo. Num poema chamado “Milagres”, Walt Whitman canta – em termos esquisitamente simples - a beleza e o mistério da natureza: “Por que e por quem tantos milagres são feitos? Por mim nada conheço que não sejam milagres. Quer caminhe pelas ruas de Manhattan, Ou olhe os céus por cima dos tetos das casas, Ou chapinhe os pés nus ao longo da praia, à beira d’água, Ou fique parado sob as árvores na floresta, Ou fale com que amo, Ou durma na cama com aquela dos meus sonhos, Ou me sente à mesa, ao jantar, com os outros, Ou pondo os olhos em estranhos viajantes num carro em sentido contrário, Ou observando as abelhas em torno da colméia numa tarde de verão, Ou os animais pastando nos campos, Ou os pássaros ou a maravilha dos insetos no ar, O espetáculo do sol no ocaso, ou as estrelas tão quietas e brilhantes no espaço infinito, Ou a esquisita, delicada e tênue curva da lua nova na primavera: Estes e o resto, um só e todos, são milagres para mim, Referidos ao todo, mas cada um distinto e em seu lugar.