MOSÁICO MIMÉTICO
No princípio era a natureza e o índio, a paisagem inviolada, quase santa. O amor dos seres vivos era feito a céu aberto e não escondido nos escombros e penumbras. Depois vieram a ferrovia e a rodovia, aproximando os horizontes, malgrado as chamas e as fumaças. Os transeuntes podiam optar por seguir ou ficar. A maioria que vinha, ficava. Depois vieram as chaminés e os pernilongos, a escassês do oxigênio na paisagem maculada, o macuco no saco e na cabeça de toucinho. Os lavradores chegava a reboque nos caminhões, travestidos de proletários e favelados. Assim nascia a cidade industrial no brasil brasileiro: as individualidades anuladas em comboios de ferro e aço. Os pardais tomaram conta dos quintais, afugentando os pintassilgos e os sabiás e as saracuras. Da reserva ecológica que estava aqui só ficou a lembrança de uma perfeição formalista, já arcaica e ainda assim bela.
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