terça-feira, março 06, 2012

O RISO NÃO PAGA IMPOSTO



- Era um cantor que espantava os próprios males, quando cantava.
- Escrevia tanto e tão mal que o digitador, mesmo zangado, bocejava.
- O juiz de futebol morreu esmagado por uma pedra noventa.
- A esperança dos covardes, dos corruptos e dos medíocres é que se dê um fim nos corajosos, nos íntegros e nos inteligentes.
- O silêncio de ouro: esse só os ricos compram.
- O bêbado noturno, deitado na grama da rua, apaga a luz da lua e dorme com os anjos.
- Esse cara é normal, dizem. Mas manca das duas pernas.
- Quando convidou a religiosa para queimar incenso no altar de Eros, levou um bofetão. Ela se chamava Elvira, mas não era Pagã.
- Quando São Pedro arrasta as cadeiras no céu, os desabrigados na terra dançam.
- O slogan de Bakunin “destruição é também criação” foi plagiado do dito de uma criança ao ver destruir uma casa: “Olha, papai, estão construindo um terreno ali”.
- Yeats, poeta inglês, afirmou: “das nossas desavenças com os outros, fazemos retórica; das desavenças que temos conosco, fazemos poesia”.
- A maior diferença entre a tecnologia e a mediocridade é que a última está mais ao alcance de todos.
- Quem é precavido come a lata e joga o conteúdo fora. A lata de sardinha.
- Escrevia à máquina porque não sabia o alfabeto de cor.
- A idade média dos favelados continua sendo a idade das trevas.
- A Disneylândia é uma selva tão civilizadinha que os leões dispõem de manicures, dentistas e barbeiros.
- O professor mulherengo ilustrava as aulas com recortes de revistas femininas.
- Os escritos dos autores modernistas da Semana de 22 não seriam como as balas de calibre 22: inócuas de perto e mortais à distância?
- O uso do cachimbo não faz a boca porca?
- O papel do jornal financiado pelo governo não serve apenas para embrulhar verduras?
- Ela é linda de morrer: é assim que os agonizantes dizem da morte?
- Era dado a trocadilhos infames. Morreu com uma palavra atravessada na garganta.
- Aquele atacante do time tinha o pé tão torto que não acertava nem a linha de fundo.
- Quem chora da testa para cima ri de orelha a orelha?
- Hollywood, antiga usina dos sonhos românticos de todo o mundo, agora só fornece energia aos repetidores de tevê.
- Deus foi sábio e justo em fazer o escritor Carlyle casar com a senhora Carlyle. Assim, em vez de fazer quatro pessoas infelizes, fez apenas duas.
- O Flávio Cavalcanti tinha fama de cabeça de toucinho. Já o Silvio Santos é um osso duro de roer.
- O sádico e o masoquista: enquanto um mata de raiva, o outro enterra de prazer.
- Segundo Ezra Pound quem fez a primeira cadeira é um inventor; quem fez a segunda é um mestre. E quem sentou na terceira é um diluidor.
- No mundo dos espetáculos, sempre que uma estrela cai, um astro cai em cima.
- No Brasil não há outono. Mas as árvores caem.
-Paulatino? É o nosso.
- Beaumarchais, quando disse que o que é muito tolo para ser dito pode ser cantado, estava profetizando o surto interminável dessa barulheira que a juventude eufemística chama de som legal.
- Afinal de contas o celibatário é muito sabido. Não tendo uma, tem todas as mulheres ao seu alcance.
- Distraído o estafeta entregou o destinatário ao remetente.
- Os sonhos da bela adormecida no bosque com o monstro da lagoa negra faziam a branca de neve corar.
- Sentiu a vontade indômita de olhar para trás. Acabava de passar por uma dona de rosto lindo.
- Com a atual amplitude dos horizontes do conhecimento, as pessoas ficaram mais ignorantes? A impressão que se tem é que estão sempre exprimidas entre aspas, parêntesis e paredes.
- André Malraux cunhou uma frase que assenta como um chapéu na cabeça dos políticos e novos ricos brasileiros: “O contrário da humilhação é a dignidade”.