quinta-feira, fevereiro 23, 2012

FREUD, AINDA E SEMPRE

Compilação de Lázaro Barreto do livro “FREUD – Uma Vida Para o Nosso Tempo” - Edit. Cia das Letras, SP, 1989). 

Página 53: “Preocupava-se com todos os beijos que não podia lhe dar, por estar tão distante. Numa carta, justificou seu vício pelos charutos, atribuindo-o à ausência da noiva: fumar é indispensável se não se tem nada para beijar”. 
Página 68: “uma ponta de verdade se esconde por trás de toda sandice popular”. 
Páginas 73 e 74: “pode-se assumir como sabido que a neurastemia é uma conseqüência freqüente de uma vida sexual anormal”. Ele sabia da existência de uma tendência hereditária, mas a neurastemia adquirida tem motivações sexuais. 
Página 113: “Os sonhos traumáticos, que evocam acidentes recentes ou traumas infantis... eles também cabem na teoria do sonho como realização de desejos, na medida em que encarnam o desejo de dominar o trauma, elaborando-o”. 
Na página 133, a citação de uma quadra do poeta Arthur Schuitzebr: “Sonhos são anseios desprovidos de coragem\ Desejos insolentes que a luz do dia\ Encurrala no canto de nossa alma\ E dali, apenas à noite ousam rastejar”. 
Na página 131 consta: “Temeroso de paixões desenfreadas, o mundo considerou necessário, durante toda a história de que se tem registro, rotular os mais insistentes impulsos humanos de mal-educados, imorais, ímpios”. 
Na página 146 consta: “todos os seres humanos são inatamente perversos; os neuróticos, cujos sintomas constituem uma espécie de contraparte negativa das perversões, apenas expõem essa disposição primitiva universal de modo mais enfático do que as pessoas “normais”.... 
“A aptidão para tal perversidade é inata”, ele acrescenta na pág. 148. Para amenizar a opinião freudiana, Peter Gay acrescenta: “a generosa concepção da libido, sustentada por Freud, converteu-o num democrata psicológico: como todos os seres humanos participam da vida erótica, todos os homens e mulheres são irmãos e irmãs por baixo de seus uniformes culturais”. 
Na pág. 162: “Em seu artigo sobre a moral sexual civilizada, ele observou que a civilização moderna faz exigências extraordinárias à capacidade de contenção sexual; requer que a pessoa abstenha de relações até o casamento e, a seguir, restrinja sua atividade sexual a uma única parceira. A maioria dos seres humanos, pensava Freud, acha impossível obedecer a tais exigências, ou obedecem-nas a um custo emocional exorbitante. 
Pagina 193: “Jung contestava Freud? Não. A única maneira legítima de contestar Freud é reproduzir seu trabalho. Caso contrário “não se deveria julgar Freud, pois não estáse agindo como aqueles famosos cientistas que se recusavam a olhar pelo telescópio de Galileu.... Para ele a religião era uma necessidade psicológica projetada na cultura: o sentimento de desamparo infantil remanescente no adulto, deveria ser antes analisado do que admirado”. 
Pág.243: “uma neurose nunca diz nada de tolo, como tampouco um sonho. Sempre repreendemos, quando não entendemos. A psicanálise é a arte e a ciência de escutar pacientemente”. 
Pag.272: “Durante a fase edipiana surge a experimentação e a instrução no domínio do amor, quando a ternura sem paixão é amizade e a paixão sem ternura é luxúria. É preciso harmonizar essas duas correntes”. 
Pág. 275: “A vida sexual não se resume no coito, mas estende-se a domínio muito mais amplo e diferenciado de sentimentos conscientes e impulsos inconscientes”. 
Página 282: “O tratamento psicanalítico está fundado na honestidade”. 
Pg. 287: “Ao brincar, a criança leva as coisas muito a sério, mas sabe que o que está fazendo é uma invenção. O oposto da brincadeira não é a seriedade, mas a realidade”. 
Pág. 288: “de muito tempo para cá, o que tem sido decisivo não é a beleza física de uma moça, mas antes a impressão de sua personalidade... O que os rapazes razoáveis procuram numa mulher: temperamento meigo, jovialidade e a capacidade de tornar a vida mais agradável e fácil para eles”. Pag.307: “A morte do pai e a conquista da mãe: assim, oprimidos pela culpa, os filhos instauraram os “tabus fundamentais do totemismo, que deviam corresponder exatamente aos dois desejos reprimidos do Complexo de Édipo. Ao se tornarem culpados e reconhecerem sua culpa, eles criaram a civilização. Toda sociedade humana está construída sobre a cumplicidade num grande crime”. 

Recomendo a leitura de ”ÉDIPO REI”, a imortal tragédia de Sófocles.