domingo, fevereiro 12, 2012

A RECONHECIDA GENIALIDADE DE GTO

GTO (Geraldo Teles de Oliveira), nascido em Itapecerica, criado e falecido em Divinópolis, é um escultor - na abalizada opinião da artista e escritora portuguesa Ana Hatherly - mais importante do que o Aleijadinho, uma vez que o mestre da arte barroca seguia uma noção estilística de antepassados, enquanto que GTO iniciava um novo estilo, que o crítico Roberto Pontual chamava de “primitivo e criador’. 

O grande artista, que honra o renome de celeiro de talentos criativos de Divinópolis, mereceu agora uma homenagem digna de um verdadeiro detentor de indiscutível imortalidade. Refiro-me à Exposição (bela, grandiosa) que o SESC Minas Gerais, realizou em Belo Horizonte com a justa ênfase de um reconhecimento inquestionável. 

Tenho o prazer de citar os mentores e realizadores do magnífico evento: Jorge Cabrera Gómez (Diretor de Cultura SESC Minas), Faber Clayton Barbosa (da Secretaria de Cultura de Divinópolis), Rodrigo Viva, Lázaro Luiz Gonzaga, Marcela Yoko, Luciana Félix, Lidia Mendes, os fotógrafos e cinegrafistas Erwin Oliveira, Déa Tomichi, Fábio Belotte e outros abnegados e competentes produtores de arte legítima. 

O título da Exposição “Um Dia a Árvore dos Sonhos Inopinados” foi inspirado num poema de minha autoria, notavelmente reproduzido através de declamação, imagens e reprodução (originalíssima) no corredor de uma das paredes brancas. 




O poema é o que se lê abaixo. 

 A ÁRVORE DOS SONHOS
Um dia a árvore dos sonhos inopinados 
Desabou na cabeça do escultor GTO, 
Que logo começou a vazar 
O ouro das dívidas e das imaginações: 
A dança dos ícones nas gravuras parietais 
A agoniada prateleira dos ex-votos 
O balaio das miniaturas e das ampliações 
A escalação dos totens, manipansos e penitentes 
A montanha devocional das tribos indígenas 
As efígies serôdias de Assubarnipal e de Araribóia 
Os perfis enfiados dos heróis da história-pátria 
Os ritos de passagem dos velhos arraiais 
 A acrobática peleja grupal dos roceiros.

As entidades espirituais escorregam de suas mãos 
Em sombria, quase opaca luz dos transes 
Que anima os traços e relevos da matéria-prima. 
Assim Da fratura dos troncos avermelhados saltam
Os guerreiros corporais nas rodas e labirintos 
As etnias as classes as mandalas e oroboros 
Os símbolos imemoriais de nossa caminhada 
É assim que ele tenta regressar à pureza 
Que o quer, lá na frente. 

E lá um dia os galhos e ramos da árvore Atávica 
Brotam em suas mãos primitivas e criadoras 
Assim ele pode sacudir a sina (e para não endoidecer 
Nas horas traumáticas do dia-a-dia), e assim ele 
Expulsa os demônios do corpo! 
Assim ele mergulha na pureza para saber 
Que não existe erro na face da terra