segunda-feira, agosto 22, 2005

ALGOZES E VÍTIMAS

A Incansável Violência

Alguém dizia, outro dia, que a nossa cidade estaria mudando de nome para espanha, significando o lugar onde se apanha tudo que se vê. Os dados estatísticos devem ser alarmantes, e não apenas os estatísticos: basta andar pelas ruas para se correr os perigos do assalto, da agressão, das unhas e dentes da violência de ação e de situação. Nem é preciso ir longe para presenciar: basta considerar as incidências no bairro, na rua, no quarteirão. Todo mundo está enlouquecendo? Chegamos ao ponto crucial previsto por Bernanos da possessão do mundo? Deus que nos livre e guarde. O Vereador Edson Souza, um batalhador incansável a favor do bem estar social da população, promoveu uma reunião para discutir, examinar e remediar a peste do incessante recrudescimento da violência na cidade, onde até os câes de rua avançam gratuitamente nos transeuntes, e os moradores sofrem a iminência da agressividade do público e notório e impune desrespeito aos seus bens físicos e morais. È uma espécie de retaliação dos excluídos associada à desmoralização pura e simples das pessoas descorçoadas e desenraizadas? E aí, o que fazer? Foi pena não poder comparecer à reunião promovida pelo Vereador Edson. Precisava saber o que as pessoas pensam a respeito do porque da violência , o como e quando erradicá-la. A questão é difícil, mas às vezes de onde nem se espera é que vem uma solução pragmática e não simplesmente utópica como as teóricas que inutilmente acalentamos anos a fio. Não pude comparecer, mas penso que diria, na oportunidade, o que escrevo aqui, que é preciso promover uma campanha de alerta geral nas 24 horas de cada dia através do engajamento comunitário, principalmente das pessoas-alvos, contra os facínoras que instauram o terror para refestelarem e à vontade agredirem, roubarem, contundirem e matarem sem dó nem piedade, visando unicamente a obtenção forçada dos bens pecuniários (caros e até intérditos à maioria indefesa das vítimas reais e potenciais). Essa mobilização teria que fundamentar-se na conscientização da instabilidade social, da insegurança, do medo de viver hoje em dia das pessoas pacíficas e inofensivas. Conscientização no sentido de debitar esse medo quase pânico que assola os redutos residenciais de toda parte aos verdadeiros responsáveis pela situação criada: os potentados da classe dirigente, ou seja, os empresários e os políticos gananciosos. Quem a não eles tem o poder de instaurarem esse clima de guerrilha cotidiana? A ganância de uns, a corrupção de outros, farelos do mesmo saco no lauto e diarréico repasto de grande parte desses atuais chefes de uma humanidade horrorizada. Mas como ficar livres desses artífices e promotores de tanto holocausto, de tanta hecatombe, do apocalipse que parece já ter chegado? Eis a questão mais crucial. Adendo: Papa João Paulo II:A santa imagem dele realça o valor do patriotismo que não leva ao nacionalismo reacionário, mas sim do patriotismo que começa no amor da pessoa, deriva para a família, a sociedade, a nacionalidade, a humanidade (universalidade). Mas ele não pregava a generosidade excessiva (que pudesse, por exemplo perdoar a pedofilia) que leva à perda do pudor, mas sim aquela que repugna o egoismo excludente e violento. A piedade em todos os níveis da latitude e da longitude leva à poesia, enquanto que a política, dissociada da piedade, só pode levar à violência de ação e de situação, uma mais cruel, a outra mais gananciosa, ambas letais para a alma e o corpo das criaturas sob a face da terra. O espetáculo significativo na Praça de São Pedro, durante a agonia, as exéquias e a missa em sufrágio pela alma dele: nenhuma cara feia na multidão, nenhum dedo em riste, nenhum empurrão, todo mundo seguramente plantado em sua circunstância, amadurecendo em si os frutos da boa convivência dos seres humanos conscientizados da verdade e da beleza do testamento cristão do benévolo amora de uns aos outros em todos os círculos e quadrantes da humanidade. Exemplo edificante para nós outros, habitantes das partes planetárias mais deflagradas pelo interminável tsumani da coerção, do repúdio, da odiosa causa das hecatombes, dos holocaustos e do apocalipse em andamento nas vias sangrentas da transitoriedade caótica dos degradados, filhos de Adão e de Eva.