domingo, fevereiro 05, 2006

O OURO AZUL DA ANSIEDADE

Assim ela canta no quintal de nossa bela e querida Marilândia. Uma canção entre pitangueiras quando reamanhece na tarde doméstica? Ilíada? Eneida? Sereias aportando no meu reles quarto de solteiro? Ela canta – e não apenas ouço: eu vejo e tento agarrar e comer. Pássaro arcaico das quimeras? plumagem dionisíaca ou apolínea? Saudade das antigas jabuticabas? Promessa de futuros fervores?, ou apenas uma fruta momentânea? Ouro também!, íntima pedra, hoje madura e eufêmica. Sei sim que amar é assim: um não dizendo sim no céu das muitas e muitas incertezas? Um sim inaudível dentro da noite? Será que o amor é assim?