Árvore no Telhado - Poemas
ÁRVORE NO TELHADO (1969) (fragmentos) – Lázaro Barreto
1 – Lírios, Pela Primeira Vez
Beleza é loucura.
A confluência do périplo de Orfeu
no espelho triangular das vozes líricas.
Beleza é tragédia.
A claridade excessiva é absoluta cegueira
- e que deserto é a metafísica visual.
Beleza é vitalidade,
com as flores em relação à fruta,
com os rios apensos ao mar.
A beleza é a verdade.
Luminosas raízes da árvore,
ó pássaro no interior da pedra!
2 – Marilândia
Alguma coisa eternamente imprecisa
apascentava os homens no arraial,
nos dias das cruzes de madeiras.
No inverno as vacas beatíficas
remoíam o verde do destino,
seguiam apartadas das crias,
aumentando nas árvores a tristeza.
Que silenciosa catástrofe não atende
ao apelo da noiva triste,
abrindo no infinito uma goteira
de água fria para seus pulsos?
Já eram enormes horas da noite
e eu ainda me feria nos poemas.
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