quinta-feira, maio 18, 2006

DUAS POETAS INVULGARES

Recebi o livro POROS, de Agostina Akemi Sasaoka, filha da pintora Regina Martins, ilustradora de nosso saudoso DIADORM e do teatrólogo Antônio Koso Sasaoka, residentes em Campinas (SP). O livro, como lhe disse em carta, é uma caixinha de música e de mistérios, é a viola e o dicionário, a boceta de pandora e a arca de noé, a cartografia da libido e a feira das verdades. Os poemas fervem na panela de pressão. É o perfume da vida, que como o sândalo do provérbio, perdoa e abençoa o machado que o fere. É a recuperação freudiana da inteligência a serviço da sensibilidade, da psicologia a favor da sensualidade. Porque o mundo é uma bola cheia de vertentes e cada poeta procura um caminho original (só seu), a partir do qual possa abrir nossos olhos e descortinar as novas paisagens que esperam os novos olhos. Outro bom livro recentemente publicado é o de Maza de Palermo (BH). Como não sou crítico e acredito que não existe crítica para a poesia a não ser a paráfrase, ou seja, a escrita de um arremedo, de uma espécie de poema paralelo. Assim é que vai minha impressão, em versos livres e brancos: O livro dela é uma pugna entre a piedade e a violência e é também um casario humano, uma estatuária greco-romana, uma floresta de troncos abruptos e frondosos. É bom saber que há uma grande distância ente os poemas: é como sair de uma casa penhorada e chegar em outra remida é como acorrentar Prometeu nos próprios olhos e examinar as arestas dos olhos de Júpiter e de Minerva é como subir nos galhos da aroeira do sertão e colher as sombras de um sol tão quente. Um livro torrencial? cada parte, parte para outros fins, as linhas parecem tábuas de uma ponte pênsil ao peso de tantas lágrimas e sorrisos assim reunidos no poema: são os grãos da sensibilidade e da mentalidade em buliçoso e macio alvoroço?