quarta-feira, maio 17, 2006

VIDA CONTRA A MORTE

Quem ler Norman O. Brown terá o fascinante trabalho de revisar valores arraigados no contexto histórico-cultural de nossa pobre civilização. Partindo de pressupostos como “a civilização desumaniza a cultura” (Huizinga) e “Deus é a totalidade da natureza” (Spinoza), ele quase celebra o casamento do céu com o inferno, cristianizando Freud e freudianizando o cristianismo. Tudo que tem a dizer aplica-se ao campo das ações humanas, mormente quando pergunta se há possibilidade de se acabar com a repressão. E acrescenta que a essência da sociedade é a repressão do indivíduo, e que a essência do indivíduo é a repressão de si mesmo. Quando diz que a noção do pecado implica em atitude de aceitação e que a noção de política implica na de luta, ele está justificando a adesão de homens de bem ao processo político, o que certamente afastará a intromissão de pessoas desqualificadas para a assunção de responsabilidades tão graves e complicadas. A certa altura do livro (de título em epigrafe) ele cita o conceito marxista de que a religião é o coração de um mundo sem coração, acrescentando que a felicidade é a realização adiada de um desejo pré-histórico. O dinheiro, por exemplo, não consta entre os notórios desejos infantis. Deve ser por isso que, na vida adulta, o dinheiro traz tão pouca felicidade. Creio que um bom novo Presidente da República brasileira poderá ser bem sucedido no controle paciente, acurado, lúcido e principalmente honesto do nosso desenvolvimento seguro e generalizado, munido da necessária dose de honestidade nos propósitos e nas ações, tendo em vista a instauração dos verdadeiros fundamentos de uma sociedade feliz, feliz até onde pelo menos a felicidade pode ser entendida como a ausência de problemas de consciência. Freud define a repressão (tanto a individual como a social) como a capacidade em se rejeitar ou manter algo fora da consciência, quando o certo (a não-repressão) é admitir o princípio e o fim de não reprimir nem recalcar. Mas sim conscientizar e administrar. ATUALIDADE DE BERNARD SHAW - Exceto durante os noves meses anteriores à sua primeira respiração, nenhum homem dirige os próprios negócios tão bem quanto uma árvore. - Na infância muitas vezes eu interrompia minha educação para ir à escola. - O homem que não for um revolucionário aos 20 anos, será um canalha aos quarenta. - Os ladrões foram vingados quando Marx provou que a burguesia rouba. - A civilização é uma doença produzida pela prática de construir sociedades com material podre.