domingo, maio 21, 2006

PARÁFRASE DOS IMPROPÉRIOS (*)

Ó Deus Santo e Imortal, tende piedade de nós! Somos réus e juízes, inocentes e pecadores, Sofredores e algozes, sofridos e torturadores: Tende piedade de nós, ó Deus Santo! Meu povo, que te fiz, em que te contristei? Te tirei da terra do exílio e, mesmo assim Preparaste minha cruz na Terra Prometida: Se errei, onde foi que errei, que não sei? Eu que te conduzi quarenta anos pelo deserto, Que te alimentei com o maná que criei Especialmente para teu exclusivo regalo, Que te introduzi na terra esplêndida: Por que tamanha ingratidão de tua parte? Por que? Porque, meu povo?, responde-me! Que mais devia ter feito e não fiz? Te plantei como boa fruta doce, E tu te fizeste amargo para mim: Quando te pedi água, me deste vinagre, Antes de me furar num dos lados... Cheguei a sacrificar crianças no Egito, E quantos de lá afoguei no Mar Vermelho: E tu me entregaste aos ímpios relapsos. Te guiei incólume na coluna de fogo, E tu me levaste ao Pretório de Pilatos. Te dei de beber a boa água da pedra E me quebraste de tapas e açoites. Por ti tanto bati nos Reis de Canaã E me bateste com a cana na cabeça.. Te dei o cetro da verdadeira realeza, Me deste uma coroa de sangue e espinhos. Te exaltei com grandioso e belo poder E me suspendeste no patíbulo da cruz. Diga, meu povo ingrato e infeliz: Em que te contristei? Responde-me! Ó Deus Santo, Santo Deus, como Respondervos? Como respondervos? Como?! Senão rogando e implorando O vosso perdão, a vossa clemência E que Tenha piedade de nós!  

(*) Paráfrase calcada nos impropérios do livro “Liturgia da Semana Santa – Restaurada”, tradução de D. Ildebrando P. Martins e D. Marcos Barbosa, Edições “Lúmen Christi”, Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro, 1957.