SOB UM POSTE DE LUZ (*)
Seus olhos deliciosamente verdes (lá uma vez ou outra, negros no semblante consentido e castanhos na volta do dia mais comum), mais azuis no flerte, levando-me dentro de suas vestes em fogo. Em frente à casa de seus pais, sob à luz do poste de aroeira, onde até hoje você está, imortalizada na doce guerra de nossos olhares. Alguém apaga a luz do alpendre de sua casa para avisar que nosso idílio chegava ao fim? Apesar da vontade de ficar, eu disse adeus, já envolto na névoa das outras noites que me alcançaram em todos os outros dias, para sempre. Para sempre? Sempre a reviver o longe-quase-perto, que nos aproximava debaixo da luz, no doce prélio das carícias, sempre a perguntar se um dia ela voltará ao saudoso ponto, sob a luz do poste de aroeira, mesmo se for com outra pessoa, pensando longamente em mim?
(*) Adaptação da letra da canção “Lili Marlene”, de Hans Leips, musicada por Werner Muller e Marlene Dietrich.
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