quarta-feira, maio 16, 2007

UM LEITOR, SIMPLESMENTE

Meu amigo, que era eu mesmo, perdia-se na opacidade da luz e já nem sabia volver ou seguir - seu coração bombeava sangue frio? Meu amigo, estúpido asceta do amor, apagou deus no quadro negro da escola, danou a pintar o diabo a quatro nas senis aquarelas do exílio juvenil - e a moça que o cativou, por mal dos pecados, era por assim dizer, o anjo diabólico mais puro possível. Quando entrar no amor, ele dizia “(tomara que isto jamais aconteça)”: “quero ser amado”. “Não há melhor modo de viver”, escrevia Machado de Assis, “que nutrir o amor próprio dos outros com pedaços do nosso” amor. Não varre a casa de noite, minha filha (a mãe dela dizia). Não varre as almas para fora de vocês (a mãe dizia aos filhos). Seja como for o batido da lata, ninguém pode subestimar o nunca assas louvado desejo feminino dos personagens do encantador e encantado poeta Guimarães Rosa pois até seus bandidos sertanejos são amáveis.