segunda-feira, junho 18, 2007

LEITURAS INQUIETANTES III

1 – Notas à Margem do Tempo – Marguerite Yourcenar , trad. de Vera Azambuja Harvey e Ecila de Azevedo, Edit. Nova Fronteira, RJ, 1982. A Veracidade: “as orgias dos tempos remotos nos surpreenderiam menos se a história secreta de nossos contemporâneos fosse melhormente conhecida. A História: “a história é uma arte e uma ciência e, mais do que uma maneira de registrar fatos, é um meio de progredir no conhecimento do homem”. A Realidade: “a própria realidade é que, muitas vezes, vai muito além da imaginação: os genocídios, os expurgos, os campos de concentração, as bombas atômicas, as pestes, a fome, as guerras de sempre”. As Memórias: “os bons versos nascem das recordações: e é preciso esquecê-las, e depois ter a grande paciência de esperar que elas voltem”. É o que afirma Rilke no livro “Malte Laurids Brigge. A Memória: “ A imagem que atravessa anos e anos e depois vem morar num poema como um filho pródigo que retorna ao lar paterno”. 2 – Peregrina e Estrangeira, idem, trad. de Miriam Campelo, mesma editora, RJ, 1989. O close: “os homens são pequenos. Só o homem é grande”. A Música: “a música nos cria um passado que ignorávamos”. O Amor; “o amor, o mel das trevas”. O Neologismo: “Qualquer pensamento profundo continua em parte secreto, por falta de palavras para exprimi-lo – assim todas as coisas permanecem parcialmente escondidas de nós”. O Desvario: “o homem que jamais se sentiu desvairado, a esse falta alguma coisa, disse, Roger Callois”. Borges: “todo escritor, todo homem, deve ver em tudo que lhe acontece: o fracasso, a humilhação e a desgraça, um instrumento, um material para a sua arte, do qual deve tirar proveito. Tais coisas nos foram dadas para que nós as transformássemos para que fizéssemos das miseráveis circunstâncias de nossa vida coisas eternas, ou que aspiram a sê-lo”. 3 – Memórias de Adriano, da mesma autora, trad. de Martha Calderaro, Editora Record, RJ, 1974. Liberdade: “Quase todos os seres humanos desconhecem igualmente sua exata liberdade e sua verdadeira servidão. Amaldiçoam seus grilhões, embora, às vezes, deles se vangloriem.... Com seus inúteis desregramentos, não sabem tecer para si próprios o mais leve jugo”. O Cálice Amargo: “se alguma coisa me repugnava, eu a transformava em objeto de estudo, forçando-me a retirar dela algum motivo de alegria”. A Dor: “não sabia ainda que a dor contém em si estanhos labirintos, através dos quais eu não terminara minha longa caminhada”. A Morte: “a morte penetrava em toda parte sob o aspecto da decrepitude e podridão: a nódoa inicial do fruto maduro demais.... Minhas mãos pareciam-me sempre um pouco sujas”. Alma: “Alma minha, bela, esvoaçante, hóspede e sócia de meu corpo, por que não te vais embora – já que pálida, rígida, nua, não mais tens a alegria de outrora? Memória e não Diário: “um homem de ação raramente mantém um diário: é quase sempre mais tarde, do fundo de um período de inatividade que ele recorda, anota e, na maioria das vezes, se surpreende”.