A FAMÍLIA OLIVEIRA BARRETO
Genealogia, Notas e Comentários – Edit, Express Artes Gráficas, Divinópolis, 2005.
Fragmentos:
Página 125: “A maior dificuldade da pesquisa genealógica reside na chamada descendência matrilinear, uma vez que o parentesco através da mãe foi, até recentemente, menosprezado socialmente. A maioria dos nomes de mulheres que pesquisamos surge nos registros sem a menção do sobrenome de família. Um amigo dizia uma vez, rindo, quando eu lhe contava a dificuldade de saber a descendência pelo lado feminino: “Toda mulher é parente de tatu”. E, na minha dúvida, ele emendou: “Todas tem o Jesus no sobrenome. É igual tatu no buraco, acertado pela fisga do caçador: ele emite um som parecido com o grito um pouco rouco e assustado da palavra JESUS”. Parece brincadeira, mas é a pura verdade. Uma multidão de Fulana Maria de Jesus, Sicrana Maria de Jesus, Beltrana Maria de Jesus. (...) O leitor pode imaginar a dificuldade diante de uma relação de descendência de uma família de trezes filhos, entre os quais pelo menos cinco são mulheres. Se soubermos com quem se casaram, ainda bem, temos uma pista. Mas se não sabemos, como saber então os nomes dos filhos se eles vão assinar os sobrenomes dos pais e não o sobrenome por assim dizer fantasioso da mãe?” Cremos tratar-se não só de um erro histórico, mas de uma injustiça histórica, uma vez que todo ser humano é, por assim dizer, mais filho da mãe (que o guarda e alimenta em seu ventre e depois o guarda e alimenta em seus braços e seios) do que do pai que, por assim dizer, teve pouco trabalho nesta misteriosas e magnífica criatividade.
Na página 130 do livro supra-citado tentamos homenagear algumas figuras femininas mencionadas, de passagem, no contexto da dificultosa pesquisa.
As Primas da Juventude:
O nome é a forma, o ser é o conteúdo.
Às vezes um fica aquém do outro
(Marta, Eloína, Odília, Heloisa, Irene),
Às vezes um suplanta o outro
(Maria, Eponina, Gislaine, Olga).
Às vezes chegam juntos à mesa do jantar,
quando a poesia e a musa equilibram-se
nas trilhas e ladeiras e pinguelas da roça,
nos morros e baixadas da região dos Lavapés,
nas grimpas e vazantes da Cachoeirinha do Bom Sucesso,
nas praias e quebra-corpos da Lavrinha.
O leitor pode ficar cético quando eu citar
as Franciscas, as Josefas, as Arcângelas e Escolásticas:
pois devia vê-las ao vivo da força,
no garbo da sublimação,
no tempo das charruas e doçainas,
no ciclo das obnubilações, diante ou debaixo
do pé de bilosca e da parreira de uvas,
no respaldo da caçoada dos outros longe dali,
nas noites de lua cheia do Arraial,
nos dias amoitados do azul da alma.
Cada uma tem sua tecla, sua fala, sua escrita,
seu murmúrio silente ou musical e caricioso
(o amor-em-pencas, os lemas idílicos)...
Sei não, mas nunca soube aliterar
os estribilhos preliminares,
nem mesmo colher e guardar os cheiros
afrodisíacos das axilas e virilhas,
para não falar nas outras flores existenciais.
O leitor precisava conhecer a secular pré-existência
das flores-musas chamadas Estefânia, Percília, Virgínia,
Anna, Rosalina, Cândida, Mirafélia e Clarundina.
o leitor precisava conhecer e nelas se reconhecer
no vai-e-vem da gangorra no galho do cajueiro:
na ida, o horizonte do mundo;
na volta, o horizonte da casa:
a parte feminina de Deus e de tudo que existe,
a parte feminina do homem e de tudo que ama.
E por falar em Deus, por que não falar em Deusa?
Ah o melhor da vida de cada ser masculino é saber
carregar o olhar do amor feminino em seu próprio olhar!
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Pág.278: “A Genealogia é um ponto importante na História Humana, tanto que o Novo Testamento das Escrituras Sagradas estampa logo nas suas primeiras páginas a relação da descendência davídica de Jesus. E mesmo muito depois, na chamada Idade Média, um dos objetivos das Cruzadas era não só expulsar os sarracenos de Jerusalém, como restaurar seu Templo e recolocar em seu trono um descendente de David – e assim cumprir a promessa de paz profetizada no Velho Testamento das mesmas Escrituras.”
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