sábado, maio 10, 2008

A CEGUEIRA CREPUSCULAR

Paul Verlaine era doido varrido atento e confesso que se pendurava nas palavras para escalar as ribanceiras do abismo de vez em quando despenhava no lado mais escorregadio para depois, esforçado, subir de novo Aos trancos e barrancos subia outra vez agarrado às palavras de fundas raízes. As imagens que pingam da insônia são as mesmas que instauram e abastecem a insônia são obsessivas depressivas corrosivas instintuais acordam as fibras e os fluxos da lassidão amargam a boca na azia adoecem a urina na vesícula chocam nas paredes do cérebro escancaram as portas do coração expõe a fratura óssea e a infecção visceral abortam os embriões da criatividade remexem o vasilhame das pulsões indormidas acicatam os laivos insones dos resíduos e dos prenúncios antecipam as vergônteas do caos nas primícias imobilizam as pernas no catre. Enquanto o resto do corpo sofre a refrega da chuva do inconsciente na madrugada.