PAULINHO
Quem vem da vida para o mundo, depois de longa comunhão placentária, abençoa quem vivamente o esperava. O sopro da inocência acende a luz: é o gratificante milagre da Criação! A primavera aperfeiçoa a própria aura? A concepção (desejada e conseguida) de uma vida dentro de outra vida. Assim espelhada no ultrassom: as covinhas no queixo, os bracinhos erguidos nos balbucios: um chorinho a procura de um sorriso? Que venha a nós na infância dele as graças inaudíveis e indizíveis, concebidas e cerzidas ponto a ponto nos dias e noites de tantos meses da expectante vigência intra-uterina a criar os liames biológicos e anímicos do nascituro. Nutriz e auréola do sentimento? Prelúdio e voz do pensamento? O olhar sobre um mundo recomeçando? As feições delineadas, os traços verossímeis: marcante fusão da herança familiar? Agora o Paulinho está sorrindo, mesmo quando chora?
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