MATERNIDADE II
Oferecido às mães de todos os tempos e lugares, especialmente - ou particularmente - às queridas Isolina (in memoriam), Inês, Ana Paula e Layla).
Suspiros de expectativa.
Suspiros de alivio.
O mistério da vida refaz seus milagres.
As noites insones.
As dores sem nomes.
As emoções enormes.
Um céu turvado, uma terra esclarecida?
A profundidade hospitaleira.
A fecundidade sobremaneira
generosa.
As novas vidas do porvir?
Algumas lágrimas no sorrir?
O sol nasce em forma de lua?
Mãe-mãe, quê poesia a sua?!
É assim que se dá a luz.
Bem haja, pois!
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Auréolas
espocam nas janelas.
O que há de ser?
O essencial é viver,
já dizia Carlos Drummond de Andrade
a respeito de tanta bondade
da mãe-natureza.
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O olhar angelical
encantado, encantador, da criança,
nos primeiros meses de vida.
O que é a Natureza?
Agora é só Beleza.
Os primeiros meses de vida revelam
o inocente otimismo, a ensinar aos acólitos
do pessimismo que viver é uma honra,
uma graça.
Se depois o bebê chora tantas vezes,
não é o prognóstico dos revezes:
é sua forma circunstancial
de falar,
de negligenciar,
de afirmar que a vida
é para ser vivida
docemente.
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A criancinha
ri e chora sem os prelúdios e os interlúdios
das horas e dos lugares.
O chorar
é sua fala simbólica,
é despido de lágrimas de dor e de rancor.
É um palavreado ainda não sabido,
acintosamente intuído.
E logo desperta em si o riso embutido:
uma claridade,
uma espontaneidade,
uma sinceridade.
É sua íntima palavra afirmativa da áurea bendita
que reamanhece, tão viva.
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Nenhum anjo é mais puro nos prenúncios
e nos alvores do espelho triangular
das vozes líricas e anímicas,
a refletir nos risos e olhares a inovação vitalícia
dos infinitos dias seguintes,
nos ângulos e retângulos que a paisagem oferece
em termos de fascinação
e ternura.
Haja, pois, poesia e encanto nos cantos e recantos
dos risos e olhares radiosos,
constantemente amanhecendo.
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Assim
como a flor da noite fecha suas pétalas
para dormir
e reabre-as de manhã para o lúcido reviver,
o recém-nascido
perfuma e festeja a casa e o dia
sorrindo
ou
chorando
(que é sua forma zangada de sorrir).
Também hoje em dia
(17 de maio de 2011),
a rolinha fica no ninho da jabuticabeira do quintal,
dias e noites,
noites e dias,
sob o sol chuviscado e a chuva filtrada,
sob os ventos e as brisas ocasionais...
Sempre lá,
os olhos abertos e espertos,
sempre lá, doando seu calor.
Inamovível
(indefesa mas alerta e orgulhosa da ninhada
que depois abrilhantará a cantoria no quintal).
Inamovível,
sem comer, sem beber.
Só olhando e sentindo.
Chocando, chocando...
Mãe abençoada.
Glória ao Espírito Santo da Natureza.
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