RIO PARANAIBA (*)
À poeta Lacyr Schetino. Uma noite (ou um estranho dia) cobria de ervas e detritos as betoneiras e guindastes que ameaçavam cobras e lagartos. Seria maio? Agosto? Trinta mil olhos de formigas testemunhavam o meu pavor de ver o rio levar a lua, que se agitava, que gritava, que chamava minha atenção atônita, ineficaz. Entrementes ouço dizer que há répteis úteis e nocivos, que o diabo fez a ponte pênsil, que os cães não atacam pessoas nuas, que todos os brasileiros têm os olhos castanhos, e que a solidão...
(*) Transcrito da página 17 do livro de poemas “Arvore no Telhado”, edição do Movimento AGORA, Divinópolis, MG, 1969).
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