O CORPO VALE MAIS DO QUE PESA
O corpo até que pode ter seus defeitos,
Pode sim,
Mas é despido de muitas culpas da mentalidade.
Se as entranhas cerebrais
(onde se maquinam as maldades e bondades)
Possuíssem a mesma inteireza, a mesma beleza
Do sutil pregueado dos lábios,
E da mesma presteza afável das mãos
E da perspicácia delineadora dos olhos,
Ah!
Ninguém defrontaria os insultos e os desaforos,
Nem as maledicências da esquisitice do caráter atrabiliário,
Forjado em ancestrais dissensões humanas dos litigiosos
Embustes fisiológicos revestidos de auras anímicas....
Ele pode ter suas lesões, dores, imperfeições,
Mas não atraca nem amaldiçoa,
Não sai de si para molestar outras pessoas:
É alegre ou triste, feio ou bonito
Em si mesmo e tem vida própria
Sujeita às intempéries do meio ambiental,
Onde sua presença sempre ilumina alguma coisa.
Inocente das culpas individuais, sociais e mundiais,
Sozinho, solerte ou altaneiro em cada individualidade,
Obediente aos mandos e desmandos da mente que bola
E rebola o amor e o ódio das criaturas,
Da simpatia e da idiossincrasia dos conviventes,
Ele às vezes exorbita das peças mais que perfeitas
Da biologia indefectível
E aceita humildemente a subordinação aos poderes,
Presumivelmente mais altos.
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