terça-feira, novembro 22, 2005

A PREOCUPAÇÃO NOSSA DE CADA DIA

A corrupção Corrupção, corrupção, até quando serás o único prato de vida social a aumentar a nossa fome de equilíbrio e dignidade existenciais? Terrorismo Eis como o cineasta (de filmes de terror) George Romero formula a metáfora da sociedade moderna, criadora e vítima dos zumbis de nossos dias: “Há razões pelas quais as pessoas estão nos atacando, e não estamos pensando suficientemente nelas. Estamos, sim, nos protegendo cada vez mais, mas a cerca que nos guarda também nos prende”. Ele é o autor da trilogia dos filmes: A Noite dos Mortos Vivos (l968), Despertar dos Mortos (l978) e Dia dos Mortos (l985). Ele falou e disse a propósito dos atentado terroristas que estão em evidência no painel das preocupações de nossos dias. O pó de minério Perguntar não ofende, conforme o jargão usado por quem não sabe e quer saber. Eu sei que o ar puro faz muito bem à saúde dos seres vivos e que, modernamente, as pessoas são obrigadas a receber e digerir todos os ares impuros da civilização industrializada. O ser humano acostuma e tolera quase tudo, em toda parte. Disso não há como discordar ou escapulir. São os chamados ossos do ofício de viver. Mas não sei é se as autoridades municipais da área de Saúde Pública não sabem o mal que o pó de mineiro causa não só ao aspecto visual-estético da paisagem urbana como aos pulmões, brônquios e tantas outras partes de nosso pobre corpo. Se sabem, por que então deixam que se esparramem no solo de todos os bairros da cidade esse fatídico pó? Expediente calhorda e insalubre ao mesmo tempo, não? Será que as siderúrgicas locais não têm lugares apropriados para consumir essa avalanche de lixo, usada indevidamente para tapar os buracos das ruas de todos os bairros da cidade? Os pulmões são frágeis quando expostos a tais malefícios...,não? O sonho acabou? Comunismo, socialismo, são formas de governo inaceitáveis em tempos pragmáticos de fisiologismo político que mistura no mesmo balaio os trabalhadores, os empresários e os políticos no barco doido da corrupção, como forma de subsistência, de sobrevivência. São belíssimas ideologias, aperfeiçoadoras do próprio cristianismo. Mas na pratica não deu certo na China, na URSS e em outras partes, inclusive em nosso país, como bem demonstram as comissões parlamentares de inquéritos. Mas o sonho não pode morrer e sua finalidade salutar é tornar-se o sucedâneo da utopia. E quando isso vai acontecer no Brasil? Quando nossa classe política vai ser depurada e amadurecer eticamente? Temos nomes exemplares (Pedro Simon, Heloisa Helena, Paulo Paim, Patrus Ananias, Eduardo Suplici, José de Alencar), mas os que dão mau exemplo (os depufedes na fila dos mensalões e mensalamas) são muito mais numerosos, muito , muito mesmo. Quem vai inventar uma forma de convertê-los ao exercício da dignidade? Achamento de Portugal Realcei acima alguns políticos exemplares, numa citação de passagem, pois sei que existem outros igualmente aquinhoados. Mas a generalidade do quadro é bem desoladora. Digo isso porque preciso citar aqui, também, o belíssimo livro editado pelo Consulado de Portugal em Belo Horizonte, de título em epígrafe. Organizado por Wilmar Silva, contendo 40 poemas de 40 autores (entre os quais os prezados amigos Camilo Lara, Adriana Versiani, Alécio Cunha e Maria Esther Maciel), quase todos nascidos na década (emblemática) de 60, quase todos portadores de cursos superiores e de Mestrado e Doutorado das melhores universidades do país e do estrangeiro. E lendo o livro uma curiosidade me ocorre, indagando: por que nesta altura nenhum deles se aventurou na política, sendo todos tão talentosos e versáteis culturalmente? Nenhum deles!, e a política precisa tanto de seus clarões do amor à verdade e à beleza. Por que? A política anda desmoralizada, pouco atraente? Não é (ela) um ofício essencial ao bem estar geral das nações e das pessoas? Não é, também, uma bela forma de fazer poesia? Anda em tão maus lençóis que desestimula as verdadeiras vocações de instauração de um humanismo mais agregado socialmente, mais feliz coletivamente?