terça-feira, maio 23, 2006

JORNAL DO POSTE (*)

Hoje a minha coluna homenageia o saudoso Bento Dona, de Marilândia (minha bela e querida terra natal). Vale dizer que ele e seu irmão Dico Dona (ele, Capitão do Terno de Congado e o Dico, Capitão do Terno de Moçambique), quando musicavam um pagode na roça, com seus instrumentos e suas vozes, era sinal que a noite ia ser pequena para tanto contentamento. Ninguém via o tempo passar, e quando menos se esperava, a barra do dia apontava no horizonte. Foi num pagode do Lavapés (região rural de lá) que anotei este seu jogo da bicharada, enquanto ele cantava: Número um deu na avestruz Tou com meu jogo na mão. O dois deu foi na águia, Assim começo a alinhação. O número três deu no burro, quando o macho é trotão. O quatro é a borboleta, que bate com as asinhas no chão. O número cinco é o do cachorro, Com o seu apelido de cão. O número seis é o da cabra Que dá leite ao menino pagão. O número sete é o do carneiro, Escolhido como bicho da bênção. O número oito é o camelo, Que nunca tem sede não. O nove deu foi na cobra Que anda sem pé e sem mão. O dez deu foi no coelho, Sumidinho no capoeirão. O número onze é do cavalo, Que dá sela e dá silhão. O doze é o do elefante, Que tem na trompa o argolão. O treze é o número do galo, Que bate asas sem a mão, O quatorze é o número do gato, Que dá o tapa e esconde a mão. O quinze é o número do jacaré, A nadar naquele lagoão. E justo agora que me lembrei Que o dezesseis é o leão. Ora pois o dezessete é o macaco, Que pula do pau no chão. O dezoito é o senhor porco Bem tampado no caldeirão. Perdão, só agora me recordo, Que o dezenove é o pavão E que o vinte é peru Bicho de toda função. O vinte e um é o touro que Puxa carro e carroção. O vinte e dois é o número do tigre Que pega o homem à traição. E o vinte e três é o amigo urso, Que dança pra ganhar tostão. e o vinte e quatro? o 24 é o veado, O que mais corre no chapadão. O vinte e cinco é o da vaca. Acabei minha alinhação. Tudo que é bão é custoso, tudo que é custoso é que é bão. 

(*) O Jornal do Poste, de Vanir Vasconcelos - diariamente afixado em vários lugares públicos de Divinópolis - no qual mantive durante muito tempo uma coluna intitulada “Picles Dietéticos”.