domingo, maio 07, 2006

NUM DIA, DE NOITE

INSÔNIA primeiro o calor dos altos descampados onde o sol espeta seus fulgores dia e noite depois o frio das lonjuras aproximadas enfiadas na chusma dos pensamentos inopinados depois refeitos e reforçados no cardume das reflexões indomadas... pronto! cadê o sono? não adianta chamar, ele não vem: devo procurá-lo em outros livros? COMO DIRIA ALGURES GILLES DELEUZE? Quando morrer vou levar alguma saudade desta vida? alguns momentos de prazer fortuito? algum prisma que tenha descoberto nos refolhos do sofrimento? alguma palavra esclarecedora nas dobras mais obscuras? Creio que não. Levarei apenas o nada que sou no meio dos fazedores da tristeza deste mundo que deveria ser a vida e que é a morte. Sou apenas um no meio dos outros ou sou os outros? sou os outros? o que de diferente posso levar para a vala comum? o que de bom tentei fazer perdeu-se no tanto de mal que me fizeram. POEMA? Ela olha-o fixamente e se pergunta: eu o amo? ele merece o meu amor? E torna a olhar, agora menos intensamente: e ele? me ama? mereço o amor dele? E olha pro chão a dizer a si mesma: o que sei é apenas que somos ambos belos. Quem nos aproveitará, merecidamente?