terça-feira, setembro 26, 2006

WALT WHITMAN - O BARDO CICLÓPICO

“Creio que um grão de areia não é menos que uma ronda de estrelas e que as amoras enfeitam o paraíso” (Walt Whitman). 

Quando nos já tão distantes anos 60, comprei e li FOLHAS DE RELVA, do autor supracitado (um dos três intelectuais que mais influenciaram o século 20, na opinião de André Gide - os outros são Nietzsche e Freud), na tradução de Geir Campos, não me contive diante do poema “Quando Aprofundo a Conquistada Fama” e tentei reescrevê-lo em forma de paráfrase. E agora, para ser justo com os dois poetas (Walt e Geir), publico abaixo as duas versões: 

A Tradução de Geir Campos: 
Quando aprofundo a conquistada fama dos heróis e as vitórias dos grandes generais, não invejo os generais ou o Presidente em sua Presidência ou o ricaço em sua casa enorme; mas quando ouço falar da fraternidade entre dois amantes, do que se passou com eles, de como juntos através da vida, através do perigo, do ódio, sem mudança por longo e longo tempo atravessando a juventude e a meia-idade e a velhice, como sem vacilações como leais e afeiçoados se conservaram, aí fico pensativo – saio de perto afobado com a mais amarga inveja. 

A Minha Tentativa de Paráfrase: 
Quando mergulho na história dos heróis (guerreiros e conquistadores) e na grandeza de suas ações, libertando povos, dominando a natureza - não invejo Alexandre nem Júlio César. Quando estudo a saga dos pensadores (escritores e filósofos) e a beleza de suas obras, criando luzes para extinguir a treva - não invejo Platão nem Shakespeare. Mas quando ouço falar da afeição de dois amantes, da felicidade conjugal deles, de como através de vicissitudes e perigos, de obstáculos e rotinas, ao longo do espinhoso tempo atravessaram juntos a juventude, a maturidade e depois os novos anos da velhice, sempre juntos e leais “sem vacilações e afeiçoados se conservaram” (ao longo do penoso tempo), aí sim, fico perturbado e saio de perto para chorar de inveja.