WALT WHITMAN - O BARDO CICLÓPICO
“Creio que um grão de areia não é menos que uma ronda de estrelas e que as amoras enfeitam o paraíso” (Walt Whitman).
Quando nos já tão distantes anos 60, comprei e li FOLHAS DE RELVA, do autor supracitado (um dos três intelectuais que mais influenciaram o século 20, na opinião de André Gide - os outros são Nietzsche e Freud), na tradução de Geir Campos, não me contive diante do poema “Quando Aprofundo a Conquistada Fama” e tentei reescrevê-lo em forma de paráfrase. E agora, para ser justo com os dois poetas (Walt e Geir), publico abaixo as duas versões:
A Tradução de Geir Campos:
Quando aprofundo a conquistada fama dos heróis
e as vitórias dos grandes generais,
não invejo os generais ou o Presidente em sua Presidência
ou o ricaço em sua casa enorme;
mas quando ouço falar da fraternidade entre dois amantes,
do que se passou com eles,
de como juntos através da vida, através do perigo, do ódio,
sem mudança por longo e longo tempo
atravessando a juventude e a meia-idade e a velhice,
como sem vacilações
como leais e afeiçoados se conservaram,
aí fico pensativo –
saio de perto afobado com a mais amarga inveja.
A Minha Tentativa de Paráfrase:
Quando mergulho na história dos heróis
(guerreiros e conquistadores)
e na grandeza de suas ações,
libertando povos, dominando a natureza
- não invejo Alexandre nem Júlio César.
Quando estudo a saga dos pensadores
(escritores e filósofos)
e a beleza de suas obras,
criando luzes para extinguir a treva
- não invejo Platão nem Shakespeare.
Mas quando ouço falar da afeição de dois amantes,
da felicidade conjugal deles,
de como através de vicissitudes e perigos,
de obstáculos e rotinas,
ao longo do espinhoso tempo
atravessaram juntos a juventude, a maturidade
e depois os novos anos da velhice,
sempre juntos e leais
“sem vacilações e afeiçoados se conservaram”
(ao longo do penoso tempo),
aí sim, fico perturbado
e saio de perto para chorar de inveja.
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