OBRIGADO, DRUMMOND
Nos quarentas mil anos de arte moderna procurávamos no mineral país de Itabira aquela imagem retroativa e persistente da folha verde dentro da pedra madura. Procurávamos com as pernas as mãos as cabeças os combustíveis para novas procuras de novas excitações. Sabendo que é na prática do dia-a-dia que reunimos os elementos dos sonhos, sondávamos as grutas do Levante Espanhol e de Lagoa Santa, na busca do papiro das ansiedades, da tábua das leis (o livro-messe, palimpsético, que transborda da estante, esparrama na casa e inunda a rua). Insones e obstinados, procurávamos, procurávamos. Ainda hoje a sede da vida está nos cabelos, nos louros cabelos da fenícia Dido? Não varre das almas para fora, ela me dizia, ela é que dizia, a drummondiana poesia. Os arraiais circundam as distâncias, as sombras são os silêncios do sol lá fora. É assim os mundo se arredondam, nos arraiais que se universalizam: não varre as almas para fora, ela dizia. O amor é música: a resposta antes da provocação: dois dedos de doçura e oito dedos de amargura. Por mais que os sacerdotes escondem, os erros de Deus aparecem nas entrelinhas, - e quem nos penaliza sequer imagina se podemos suportar tanto sofrimento! A rua passa vários filmes ao mesmo tempo. Quem chega primeiro à base do instinto, esse ganha o doce metafísico, a farta e mansa chuva de versos que semeia adeuses e caminhos. Obrigado, muito obrigado, Drummond!
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