quinta-feira, dezembro 21, 2006

AS ESTRELAS TÃO HUMANAS (*)

Das estrelas de meu céu particular, as menos glamourosas e mais sensitivas são: Laraine Day -Veronica Lake – Ida Lupino – Gene Tierney – Grace Kelly – Paullette Goddard – Eleanor Parker – Claire Trevor – Ingrid Bergman – Ginger Rogers – Jean Simons – Pier Angeli – Micheline Presle - Alida Valli – Ann Sothern – Audrey Hepburn – Olivia de Havilland – Greta Garbo – Lauraeen Bacall – Susan Hayward – Bárbara Stanwyck, Coleen Gray – Jean Arthur – Deanna Durbin – Patrícia Neal – Teresa Wright, Jane Wiman – Anne Baxter – Janet Leigt, Jenifor Jones – Vivien Leigh – Mauren O’Hara – Merle Oberon – Aracy de Almeida - Leila Diniz – Loretta Young – Ann Sheridan – Carmem Miranda. Às vezes cabisbaixo, quase sempre imponente, meu céu interior continua sedento até hoje na introversão na introversão dos atos algures emborcados na veracidade das algibeiras mais secretas do subconsciente. Quando uma das estrelas relampeia na rua ou na tela do escurinho de um cinema, percebo a fusão miraculosa das lindezas, caio em mim em ligeira estupefação diante do luar e sob um brilho ensolarado, caindo e subindo e planando na noite dos sonhos inconfessáveis. Um cinema rodando fitas dentro de mim, como diria Lya Luft? A cútis mimosa de uma, os sonhadores olhares de outra mirada estrela? Os eflúvios sutis da sempiterna paixão as sedas coleantes nos entrementes corporais os doces porvindouros, os gestos simbólicos os cabelos alvoraçados dos idílios românticos da noite solitária de cada cinéfilo as magnitudes além disso e daquilo as promessas de exílio em edênicas paragens, uma certa robustez anímica? uma inocente delicadeza fisiológica? Das estrelas de meu céu particular, as menos sensitivas e mais glamourosas são: Rita Haywort – Ava Gardner – Jean Seberg – Valentina Cortese – Linda Darnell – Hedy Lamarr – Lana Turner – Ann Todd – Silvano Mangano – Dorothy Lamour – Tônia Carrero – Eva Marie Saint – Vanja Orico – Liv Ullmann – Marilyn Monroe – Cyd Charisse – Elizabeth Tailor – Cecile Aubry – Doris Day – Sophia Loren – Brigite Bardot – Natalie Wood – Joan Fontaine – Judy Garland – Jane Russel – Virginia Mayo – Esther Willians – Maria Antonieta Pons – Maria Felix – Débora Ker – Kim Novak – Sarita Montiel – Debra Paget – Elvira Pagã – Elis Regina – Odete Lara – Romy Schnaider – Emilinha Borba – Jeanne Moureau – Catherine Deneuvre – Jane Fonda. As estrelas diuturnas do céu e da terra, entre nuvens grifadas aqui e ali nos ocasionais relâmpagos (e eu um tanto esquivo nas entrelinhas do poema que envelhece no ineditismo). As estrelas decodificadas em seus renomes ainda agora na ruazinha bairrista e logo depois no Glória no Acaiaca no Odeon, são epifânicas e esbeltas e mitológicas, são alvíssaras e singulares, agora e depois, mesmo escondidas no azul estável do encarnado firmamento de súbitas aspirações, de bruscos sortilégios. São os fulgores perenizando o nosso dia-a-dia. Elas que balbuciam os prenúncios do léxico das invocações que tramitam no sistema nervoso, nas auras anímicas, as exclamações, as reticências de tantos vassalos! Elas inspiram posteriores serestas afloradas na vontade que suprime a consumação. E assim o desejo é a flor que cresce em si mesma na ludibriada porém remediadora fantasia dos cordéis sem arestas, amarrados no céu das semelhanças e das coincidências de tantas estrelas no céu e na terra. Ainda agora uma delas vai, vai pelo ar crivado de raízes, vai levando nas cores móveis o festival de desejos da lúbrica, incontida poética dos cinéfilos. 

(*) Agradecimentos à Margarida Mendes, pelo envio de um e-mail inspirador.