POETAS E POETAS
1 – POESIA DO BRASIL – Vol. 3 – “Proyecto Cultural Sur-Brasil – Org. de Ademir Antônio Bacca – Bento Gonçalves – RS. Os objetivos da publicação, contendo poemas de mais de 30 autores de todo país, inclusive o mineiro de Três Corações, Hugo Pontes, hoje radicado em Poços de Caldas, que já viveu em Divinópolis, onde contraiu matrimônio com a Professora Iara Manata. Especializado em poesia visual e de ótimo trânsito na prosa especulativa e de teor histórico, ele já publicou mais de dez livros, além de participar de incontáveis antologias no País e no Estrangeiro. O livro é amplo, eclético, muito bem paginado e de ótima qualidade estética. O poema VULTO, abaixo transcrito, é da poeta Valéria Tarelho, de São José dos Campos, SP: “Palavra, não estou sozinha. essa minha clausura admite companhia : poesia que me povoa verso que apavora fantasma, que é Pessoa”. É um livro para se ler devagar, durante muito tempo, o que pretendo fazer, prazerosamente. 2 – A POESIA DA ÁGUA – Retratos Escritos de Poços de Caldas. De Hugo Pontes, capa de Victor Hugo Manata Pontes, Gráfica Sulminas, Poços de Caldas, 2004. Prefácio de Antônio de Paiva Moura e Comentário de Luís Nassif. Belo livro, um verdadeiro, grandioso e expressivo cartão postal da cidade que por si mesma, pela beleza de suas virtudes visuais e ecológicas, é um belo e verdadeiro e grandioso e expressivo cartão postal do Estado de Minas Gerais. Começa especificando a cronologia das águas termais, enfatizando os eventos mais significativos a partir de 1786. Passa em seguida para o capítulo “Uma Imagem em Construção”, transcrevendo criticamente textos de relatos e de notícias e comentários de Saint-Hilaire, Dom Manuel de Portugal e Castro, Joaquim José da Silva, e muitos outros, incluindo textos sobre a posse da Sesmaria em 1820, que deu lugar à cidade. Exercendo todas as habilidades intelectuais que lhes são intrínsecas, ele traça o retrato escrito do Município através de criteriosa pesquisa e de sábia descrição dos passos e caminhos do aproveitamento das riquezas naturais de uma forma ecologicamente correta e poeticamente inspiradora, como bem demonstra o capítulo “Literatura – Uma Explicação Necessária”, do qual transcreve textos de Olavo Bilac, Coelho Neto, Evaristo Gurgel, Leopoldo Amaral, João do Rio, Felinto de Almeida, Carlos da Maia, Armando Prado, Artur Azevedo, Alberto de Oliveira, Belmiro Braga, Menotti Der Pichia, José Lins do Rego e Guimarães Rosa, todos louvando as virtudes termais e as outras virtudes da cidade das rosas e das noivas, em termos não só de encantamento como de agradecimento pelos benefícios físicos e mentais recebidos da salubridade climática. De Alberto de Oliveira, citamos a ilustrativa estrofe: “Este recanto, amar tudo convida Que amor é vida, Mas a quem pôs aqui tanta beleza À alma da natureza Uma oração mandai; Amai! Orai!” 3 – 110 ANOS DE IMPRENSA POÇOS-CALDENSES, também de Hugo Pontes, Edit. Sulminas, Poços de Caldas, 1999, prefácio de Marcos Cripa. O índice convidativo enumera a rica profusão dos folhetins publicados no Sul de Minas desde 1830, que circulavam regularmente em toda a região, dando notícia da evolução das idéias e dos fatos ocorridos no seio das populações que impulsionavam o urbanismo de cidades hoje polarizadoras como Pouso Alegre, Três Pontas, São Sebastião do Paraíso, Passos, Itajubá, Alfenas, Caxambu, Lavras, Oliveira, Três Corações, Varginha, Guaxupé e tantas outras. Em seguida o autor entra diretamente na história da imprensa de Poços de Caldas, especificando a relação dos periódicos (data de fundação, periodicidade, formato, editores), entremeada de reproduções miniaturizadas (e legíveis!) dos jornais mais representativos. O primeiro, “Correio de Poços”, fundado em 1889, abre uma extensa relação de páginas (mais de cem!), revelando os dados históricos essenciais das publicações de todas as épocas em índices pelas ordens cronológica e alfabética, o histórico dos pioneiros (proprietário, editores e colaboradores), entre os quais alguns reconhecidamente famosos em outras plagas (Aluízio Pimenta, Evaristo Gurgel, Jacinto Ferreira Guimarães, Pinheiro Chagas, Luís Nassif, (de renome como compositor de música popular e como articulista da grande imprensa de São Paulo), Menotti Del Pichia (poeta consagrado na história da literatura brasileira), Paulo Mendes Campos (idem, idem), Antônio Cândido de Mello e Souza (sem dúvida alguma é o melhor crítico literário que pontificou no Brasil até os dias de hoje), Jurandir Ferreira etc. Na orelha da contracapa Pedro Varoni de Carvalho escreve: “O talento e a paciência de Hugo Pontes estão a serviço da memória da cidade que ele escolheu para viver. Depois de nos contar a história da Caldense, o autor envereda pelo caminho da imprensa. entre a criação de um e outro poema visual e as imensas atividades profissionais, Hugo Pontes ilumina o passado, a melhor maneira de lançar luz sobre o futuro”. 4 – ASAS DE ÁGUA, de Clevane Pessoa de Araújo Lopes, Editora Plurarts, Belo Horizonte, 2002. Clevane é uma poeta de nascença, como se diz. Predestinada, aceita o peso da láurea, sorri para os espinhos da beira do caminho e segue carinhosa, expansiva, esbanjando cristandade (o amor dos semelhantes) e o bom senso cultural da vivência poética de metodologia mais simples e espontânea, com a boa palavra em todas as momentâneas eventualidades e singularidades do cotidiano assim embasado e embelezado. Como um rio de águas caudalosas, a poesia dela banha não só as margens como os horizontes mais distantes. Neste livro ela dedica-se a palmilhar sítios onde jazem, sempre vivos, os ícones mitológicos Cronos, Eros, Ilirio, Galatéia, Afrodite, Urano, Orfeu, Hera, Zeus, Dionísio, de forma tão fagueira e informal como se todos estivessem bem alojados, agora, em nossas Chapadas de Diamantina e de Guimarães, nas Zonas das Matas e dos belos Horizontes. Assim mesmo, como ela diz: A natureza chovendo a cântaros... Dentro de meu âmago meus prantos são cantares de fertilização.
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