sexta-feira, fevereiro 23, 2007

ALHEIA AFETIVIDADE

“Quem gosta de velho é reumatismo”, estava o homem de barba rala a dizer, abrindo a tronqueira do esbarrancado, lá nas restingas dos novos sertões. “Só porque somos escritores, não somos amados pelos contemporâneos”, constatava o poeta acadêmico, a lamuriar. “Sou acaso a ave rara da mangueira do quintal? O bicho desconhecido dos outros bichos? uma pessoa culpada por ser honesta?” assim abria os braços para si mesmo, outro poeta desarvorado. “Também somos seres humanos”, os alcólatras diziam, escornados na idade sem poesia. “Por que somos excluídos da alheia afetividade?” os poetas inéditos, uníssonos, reclamavam aos ventos de todas as direções. Por que, mesmo jurando que não vou abocanhar qualquer fruto do erário público, não consigo ganhar nenhuma eleição?”, lastima o neófito político na ingenuidade. Sei não, mas Deus que me perdoe, se estou mais uma vez enganado: estou propenso a levantar a voz e dizer que o ser humano, tal como o vemos hoje em dia, nas malhas do rol dos degradados filhos de eva, só quer mesmo na vida entrar no covil dos ímpios, só visa mesmo dar-se bem na corriola lá deles, só quer dinheiro muito dinheiro no bolso e na conta bancária. Queira Deus que eu esteja novamente errado.