quinta-feira, fevereiro 15, 2007

ROSAS VERMELHAS

Anotações de Lázaro Barreto. 

- “Saudade e Rosas Vermelhas”, livro de José Feliciano Pereira (edição particular, Araraquara, SP, dezembro de 2006), filho de Olavo e Ana, casado com Yara Bardi, pais de Rita de Cássia, Maria Inês, Júnior, Henrique e Tereza Cristina. O autor é de formação humana e intelectual irrepreensível – que lhe propiciou realizar e manifestar belas iniciativas no meio social que engrandecia com a brilhante presença de sua pessoa. - Agraciado pela família com um exemplar, sinto, ao lê-lo, o pulsar da vívida importância existencial, que não se apaga no tempo porque registra a veracidade episódica com a alma que ilumina o corpo, ou seja: com a luz incomum que abençoa as coisas e os seres comuns. Obra prima de um autor despretencioso, mas atilado e sobremodo preparado para salvar essa vívida importância na posteridade dos acontecimentos, impedindo que as rosas vermelhas da saudade prossigam na exalação dos perfumes do que há de melhor no meio social de uma cidade: as pessoas afeiçoadas e integradas na tônica do bom andamento das relações humanas. Estão ali as crônicas como achados de tesouros perdidos e assim recuperados, revestidas da mesma linha de tratamento literário dos mestres como Rubem Braga, Otto Lara Resende, Pedro Nava. Não me contive no deleite da leitura ao perpetrar as anotações (merecedoras de alongamentos, é claro), como algumas abaixo alinhadas: - “As noites de nossa própria vida” repletas de recordações no silêncio de uma solidão ilustrada pelos objetos mais significativos do contexto familiar, entre os quais os livros fechados na estante, e mesmo fechados a contar milhares de histórias da VIDA. - As Provas numa Faculdade e a constatação das preocupações do alunado presente e do alunado ausente: milhares de jovens excluídos da otimista maratona, estampando no pensamento a infinidade de cadeiras vazias na perplexidade das pessoas de bom senso quanto ao futuro do País. - A gata expulsa de seu ninho, que se vinga, mordendo a mão de sua dona (episódio também vivido por este leitor “gatófilo”), a Dona Ivone, que Deus a tenha, irmã do Feliciano. - “Araçatuba no Ponto” é outra página de belas propiciações, ternas citações dos organismos naturais e dos eventos artificiais que resultam na passagem do SER para o ESTAR, assim como acontece com a flor, a fruta, o alimento, a pessoa, o meio-social, tudo lentamente forjado nas divinas oficinas do bom gosto, que é uma das mais rútilas partículas da FELICIDADE. - A certa altura ele fala também nas peripécias dos tempos modernos, em que o medo vira fobia. Na rua, um cumprimento de um desconhecido faz com que se peça socorro (na imaginação e, às vezes, até mesmo na ação). - E assim o livro vai, discorrendo a longa caminhada do cotidiano rumo à eternidade. Um livro curto e fino, de leitura prolongada, de múltiplo aproveitamento, uma vez que cada página desdobra-se na imaginação do leitor em deliciosas seqüências do que foi dito e do que foi apenas sugerido.